“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

A (i)moralidade


Palavras em vez de reflexão, eis a falácia moderna para objetar aos antigos ideais.

Tomemos “reflexão” num sentido positivo, como sendo um pensamento que foi cuidadosamente considerado. O problema do homem moderno é, por não refletir, fazer oposições usando suas fraseologias, que não dá nenhum subsídio para se chegar à verdade. Como já citei em outro momento “As pessoas não conhecem a fundo o mundo em que vivem e, por essa razão, acreditam, cegamente, em meia-dúzia de máximas cínicas que estão longe de ser a expressão da verdade” (Chesterton).

Quando ouço algo do tipo: “mas meu amigo, estamos no século XXI...”, fico consternado, vendo, diante de mim, aquele palavreado sem reflexão, pois em que ele me explica o fato? E quando se aventuram a explicar, apenas conseguem mostrar argumentos debilitados sem inferências lógicas, que nos induz apenas a uma conclusão: não sabem o que dizem. Gostaria muito de uma exposição plausível do motivo pelo qual devemos abandonar os antigos valores ético-morais e abraçarmos a maneira “moderna” de viver.

Existe uma ala de pessoas bem informadas, que são os defensores da teoria da evolução, que, dia após dia, contribuem para essa ética moderna, pois sendo o homem um produto do meio, a adaptação sugere o relativismo moral. Seria normal se as condutas não-morais de hoje fossem as verdades de amanhã. Tudo dependeria da questão de sobrevivência. Porém, nem mesmo essa ala, com homens de conhecimento e renome, não nos dão qualquer explicação aceitável para consentirmos com o relativismo ético. Tornam-se, muitas vezes, até contraditórios, pois “todas as tentativas de tratar o pensamento como um evento natural, envolvem a falácia de excluir o pensamento do indivíduo que faz a tentativa... As forças que desacreditam a razão, elas próprias dependem da razão” (Lewis), é como se tentasse provar que todas as provas são inválidas.

A liberdade atual se baseia no medo, pois somos covardes demais para assumirmos nossas responsabilidades e, por isso, como citei há alguns dias, inventamos novos ideais, porque não ousamos atingir os antigos.

“Se me faz feliz, então devo praticar”, esse é o lema da modernidade, mas se esquecem que cada um de nós tem causas individuais de felicidade. Sinto-me feliz ao escutar Mozart nas alturas, enquanto meu vizinho odeia música clássica e som alto. “Você tem que se soltar”, quem nunca ouviu isso, quando nos negamos a acompanhar certos atos? E os desejos reprimidos de Freud? Esquecem-se que a capacidade de praticar tudo aquilo que me faz feliz é a capacidade de fazer com que os outros me façam feliz, mesmo sendo injusto com eles.

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