“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

domingo, 9 de agosto de 2009

O louco

Chesterton

A última coisa que se pode dizer de um lunático é que suas ações são sem causa.
Se algum ato humano qualquer pode, grosso modo, ser chamado de sem causa, trata-se de um ato menor de um homem sensato: assobiar andando por aí, golpear o capim com uma bengala, bater os calcanhares no chão ou esfregar as mãos. O homem feliz é que faz coisas inúteis; o homem doente não dispõe de força suficiente para ficar sem fazer nada.

São exatamente essas ações despreocupadas e sem causa que o louco jamais saberia entender; pois o louco (como o determinista) em geral vê causa demais em tudo. O louco veria um significado de conspiração nessas atividades vazias. Ele pensaria que o golpe no capim era um ataque contra a propriedade privada. Pensaria que as batidas dos calcanhares eram um sinal para um cúmplice. Se o louco pudesse, por exemplo, ficar despreocupado, ele ficaria são.

Todos os que tiveram a infelicidade de conversar com gente à beira ou no meio da desordem mental sabem que a qualidade mais sinistra dessa gente é uma clareza enorme de detalhes; a conexão de uma coisa a outra num mapa mais elaborado que um labirinto.

Se você discutir com um louco, é extremamente provável que você leve a pior; pois sob muitos aspectos a mente dele se move muito mais rápido por não se atrapalhar com coisas que costumam acompanhar o bom juízo. Ele não é embaraçado pelo senso de humor ou pela caridade, ou pelas tolas certezas da experiência. Ele é muito mais lógico por perder certos afetos da sanidade. De fato, a explicação comum para a insanidade nesse respeito é enganadora. O louco não é um homem que perdeu a razão. O louco é um homem que perdeu tudo exceto a razão.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Histórias de detetive x Histórias filosóficas modernas

Chesterton

"Uma história de detetive, geralmente, descreve seis homens discutindo sobre como aquele outro homem morreu. Uma história filosófica moderna, geralmente, descreve seis homens mortos discutindo como algum homem pode estar vivo."

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Se não há um bom motivo para ler mais de uma vez a obra "Como ler um livro"[1], de Mortimer Adler, eu o darei: só após lê-lo completamente é que você saberá que o leu de forma errada.

[1] Também publicado sob o título de "A arte de ler" ( livro raro).

Quem tem fé?

Fé é a confiança absoluta em alguém ou em algo [1].

Quem não tem fé? Quem de nós voaria num avião sem confiança na máquina e no piloto? Quantos de nós duvidamos da notícia do jornal que diz que houve uma enchente na China? Quem toma um remédio, a não ser que seja por confiança no seu efeito?

Todos nós temos fé em algo ou alguma coisa. Acreditar em Deus ou acreditar na Teoria da Evolução exige fé. Acreditar em Deus ou acreditar em UFO´s exige fé. E se alegarmos que existe "graus" de fé, rapidamente notaremos que a descrença em Deus exige muito mais fé do que acreditar Nele, porque exige-se toda uma gama de diferentes requisitos inexplicáveis para substituírem a ausência de Deus. A Teoria da Evolução, por exemplo, é um filme de ficção, onde uma bactéria transforma-se em um homem. Se pedirmos a explicação de tudo isso, Deus não será a resposta, mas tudo se baseará no desconhecido. A Teoria da Evolução é a história da formação inicial de organismos desconhecidos a partir de produtos químicos desconhecidos, numa atmosfera ou oceano de composição desconhecida, sob condições desconhecidas, cujos organismos subiram então uma escada evolucionista desconhecida, mediante um processo desconhecido, deixando uma evidência desconhecida.

"Não tenho fé o bastante para ser ateu", porque "quando um homem não acredita em Deus, não é que não acredite mais em nada; é que ele acredita em qualquer coisa".

[1] Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

domingo, 2 de agosto de 2009

Será que é verdade?

Imagine se um de nós pudesse voltar no tempo até o mundo antigo. Os homens daquele tempo duvidariam de quase tudo que pudéssemos dizer sobre o que conhecemos hoje. Eles não acreditariam quando nós disséssemos a eles que no mundo moderno exitem "pássaros" de 150 toneladas que voam levando 300 pessoas; que existem "cavalos" que correm a mais de 200 km/h; que podemos nos comunicar com pessoas do outro lado do mundo, sem sair de casa, inclusive podendo vê-las. Os homens da antiguidade não acreditariam nisso, tanto quanto não acreditamos nas histórias "fantásticas" daquele tempo. Eles duvidariam de tudo isso, assim como duvidamos de que possa ter jorrado água de uma pedra, de que as águas de um rio tenham se transformado em sangue, de que um cajado tornou-se uma serpente, de que o mar se abriu para passar todo um povo e de que "choveu" pão dos céus.