“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

domingo, 24 de maio de 2009

O que se ama é uma 'cena'

Rubem Alves

É mais fácil amar o retrato. Eu já disse que o que se ama é uma 'cena'. 'Cena' é um quadro belo e comovente que existe na alma antes de qualquer experiência amorosa. A busca amorosa é a busca da pessoa que, se achada, irá completar a cena. Antes de te conhecer eu já te amava... E então, inesperadamente, nos encontramos com o rosto que já conhecíamos antes de o conhecer. E somos então possuídos pela certeza absoluta de haver encontrado o que procurávamos. A cena está completa. Estamos apaixonados...

"... você existe, mas bem antes que eu soubesse disso, já sonhava com você."

sábado, 16 de maio de 2009

Os adultos e os contos de fadas

C. S. Lewis

Hoje em dia, a crítica moderna usa o adjetivo
"adulto" como marca de aprovação. Ela é hostil ao que denomina "notalgia" e tem absoluto desprezo pelo que se chama de "Peter Panteísmo". Por isso, em nossa época, se um homem de cinqüenta e três anos admite ainda adorar anões, gigantes, bruxas e animais falantes, é menos provável que ele seja louvado por sua perpétua juventude do que seja ridicularizado e lamentado por seu retardamento mental.

[Mas] os críticos para quem a palavra “adulto” é um termo de aplauso, e não um simples adjetivo descritivo, não são nem podem ser adultos. Preocupar-se em ser adulto ou não, admirar o adulto por ser adulto, corar de vergonha diante da insinuação de que se é infantil: esses são sinais característicos da infância e da adolescência. E, na infância e na adolescência, quando moderados, são sintomas saudáveis. É natural que as coisas novas queiram crescer. Porém, quando se mantém na meia-idade ou mesmo na juventude, essa preocupação em “ser adulto” é um sinal inequívoco de retardamento mental. Quando eu tinha dez anos, eu lia contos de fadas escondido e ficava envergonhado quando me pilhavam. Hoje em dia, com cinqüenta anos, leio-os abertamente. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino, inclusive o medo de ser infantil e o desejo de ser muito adulto.

A visão moderna, a meu ver, envolve uma falsa concepção de crescimento. Somos acusados de retardamento porque não perdemos um gosto que tínhamos na infância. Mas, na verdade, o retardamento consiste não em recusar-se a perder as coisas antigas, mas sim em não aceitar coisas novas. Hoje gosto de vinho branco alemão, coisa de que eu tenho certeza de que não gostaria quando criança; mas não deixei de gostar de limonada. Chamo esse processo de crescimento ou desenvolvimento, porque ele me enriqueceu: se antes eu tinha um único prazer, agora tenho dois. Porém, se eu tivesse de perder o gosto por limonada para admitir o gosto pelo vinho, isso não seria crescimento, mas simples mudança. Hoje em dia já não gosto somente de contos de fadas, mas também de Tolstói, Jane Austen, Trollope, e chamo isso de crescimento; se tivesse precisado deixar de lado os contos de fadas para apreciar os romancistas, não diria que cresci, mas que mudei.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O suicida x O mártir

Chesterton

O suicídio não só constitui um pecado, ele é o pecado. É o mal extremo e absoluto; a recusa de interessar-se pela existência; a recusa de fazer um juramento de lealdade à vida. O homem que mata um homem, mata um homem. O homem que se mata, mata todos os homens; no que lhe diz respeito, ele elimina o mundo. Seu ato é pior (considerado simbolicamente) do que qualquer estupro ou atentado a bomba, pois destrói todos os prédios; insulta a todas as mulheres. O ladrão se satisfaz com diamantes; mas o suicida não: esse é seu crime. Ele não pode ser subornado, nem com as cintilantes pedras da Cidade Celestial. O ladrão elogia os objetos que furta, quando não elogia o dono deles. Mas o suicida insulta a todos os objetos da terra ao não furtá-los. Ele conspurca cada flor ao recusar-se a viver por ela.

Não existe nenhuma criatura no cosmos, por mínima que seja, para quem a sua morte não é um escárnio. Quando alguém se enforca numa árvore, as folhas poderiam cair de raiva e os pássaros fugir em fúria, pois cada um deles recebeu uma afronta direta.

[....]

Obviamente um suicida é o oposto de um mártir. Um mártir é um homem que se preocupa tanto com alguma coisa fora dele que se esquece de sua vida pessoal. Um suicida é um homem que se preocupa tão pouco com tudo o que está fora dele que ele quer ver o fim de tudo. Um quer que alguma coisa comece; o outro, que tudo acabe.

Em outras palavras, o mártir é nobre, exatamente porque (embora renuncie ao mundo ou execre toda a humanidade) ele confessa esse supremo laço com a vida; coloca o coração fora de si mesmo: morre para que alguma coisa viva. O suicida é ignóbil porque não tem esse vínculo com a existência: ele é meramente um destruidor. Espiritualmente, ele destrói o universo.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O homem e os animais

Chesterton

Quanto mais nós consideramos o homem como um animal, menos animal ele nos parece.


De tudo que se descobriu nas cavernas, a única coisa que se mostra certa é que o homem sabia pintar quadrúpedes e que os quadrúpedes não sabiam pintar homens. Se o homem que os pintava era tão animal quanto eles, ressalte-se como extraordinário que soubesse fazer o que eles não sabiam e não sabem. Se o homem era um produto de crescimento biológico, como qualquer outro animal, também é de estranhar sobremodo que em nada se parece com aqueles seus semelhantes. Enfim, o homem parece mais sobrenatural como um produto natural, do que como um produto sobrenatural.

A verdade mais singela a cerca do homem é que ele é um ser muito estranho; parecendo quase um estrangeiro sobre a terra. Pela sua aparência externa, mais parece um ser que haja trazido costumes desconhecidos de outras terras, do que um ser natural desta que habitamos. Tem uma vantagem injusta e uma injusta desvantagem. Não pode se confiar a seus próprios instintos. É, ao mesmo tempo, um criador que possui mãos milagrosas e uma espécie de mutilado. Envolve-se em bandagens artificiais que se chamam vestes; apoia-se em muletas que se chamam móveis. Seu entendimento tem tanto liberdades quanto limitações. Só ele, entre todos os animais, é capaz de agitar-se na formosa loucura que chamamos riso. Só ele, entre todos os animais, sente a necessidade de separar os seus pensamentos da realidade de seu próprio corpo, de ocultá-las, como se se encontrasse ante uma mais alta possibilidade que cria o mistério do pudor. Podemos elogiar esses costumes como naturais no homem, ou podemos censurá-los como artificiais na Natureza. Mas sempre permanecerão com o mesmo sentido de coisa única.

Indubitavelmente é antinatural considerar o homem como um produto natural. Animalizá-lo é pecar contra o espírito - contra esse espírito de realidade, que está feito do senso das proporções.

Suponhamos que um pássaro, entre mil, empreende, um belo dia, qualquer das ações que os homens têm empreendido desde a aurora dos tempos. Não verá nesse pássaro uma subvariedade em transe de diferenciar-se, segundo o curso normal da evolução das espécies, senão de um prodígio, um augúrio.

De fato, não há sombras de indicação que a inteligência humana se tenha formado por evolução natural. Existe, quiçá, uma cadeia descontínua de pedras e ossamentas para sugerir vagamente certo desenvolvimento do corpo do homem; entretanto, nada de parecido existe referente ao seu espírito.

Não era, e foi; eis o que nós sabemos.

Aceitemos o homem como um fato, se nos é bastante um fato inexplicável; aceitemo-lo como um animal, se nos convém viver em meio de animais fabulosos. Mas, se nos é necessário uma lógica, uma sequência, então, precisaremos de um prodigioso prelúdio, de um crescendo de milagres desencadeados, para que o homem pareça, enfim, uma criatura comum.

O homem não significa uma evolução, senão uma revolução.

Se você parar de olhar para livros sobre os animais e os homens e começar a olhar diretamente para os animais e os homens (com um senso mínimo de imaginação ou humor, um senso do desvairado ou do ridículo), você observará que o que assusta não é quanto o homem se assemelha aos animais, mas quanto ele difere deles. É a monstruosa escala de sua divergência que exige explicação. Que o homem e os animais são iguais é, num certo sentido, um truísmo; mas que, sendo tão iguais, eles sejam tão disparatadamente desiguais, esse é o choque e o enigma.

O fato de um macaco ter mãos é muito menos interessante para o filósofo do que o fato de que, tendo mãos, ele não faz quase nada com elas; não estala os dedos, nem toca violino; não entalha o mármore, nem trincha costeletas de carneiro. Fala-se de arquitetura bárbara e de arte inferior. Mas os elefantes não constroem colossais templos de marfim nem mesmo no estilo rococó; os camelos não pintam nem mesmo quadros ruins, embora estejam equipados com o material de muitos pincéis de pêlo de camelo.

Certos sonhadores modernos dizem que as formigas têm uma organização social superior à nossa. Elas têm de fato uma civilização; mas exatamente essa verdade só nos faz lembrar de que é uma civilização inferior. Quem jamais descobriu um formigueiro decorado com as estátuas de formigas famosas? Quem já viu uma colméia na qual estivessem esculpidas as imagens de esplêndidas rainhas de outrora? Não; o abismo entre o homem e as outras criaturas pode ter uma explicação natural, mas é um abismo. Falamos de animais selvagens; mas o único animal selvagem é o homem. Foi o homem que se evadiu. Todos os outros animais são domésticos e seguem a inflexível respeitabilidade de sua tribo ou espécie. Todos os outros animais são domésticos; apenas o homem é sempre indômito, seja ele um devasso, seja ele um monge.

domingo, 10 de maio de 2009

A falácia do "Argumento do tamanho"

Por várias vezes vi o "argumento do tamanho" ser usado para sustentar a ideia de que Deus não existe. É um dos argumentos mais utilizados para a negação de Deus. É mais ou menos assim: "Por que um Deus se preocuparia especificamente com um ser ínfimo como o homem, que vive num planeta entre milhões de outros existentes?" Em outras palavras: "por que um certo Deus escolheu esse planeta entre milhões de outros planetas e por que se preocupou com o homem desta terra em meio da possibilidade de haver outras vidas por aí a fora?". Isso é o suficiente para que digam que essa história de Deus é uma história sem sentido.

As palavras de Lewis e Chesterton são suficientes para nos mostrar por que esse argumento é falacioso.

Lewis:

O argumento do tamanho descansa na suposição de que as diferenças de tamanho devem coincidir com as diferenças de valor, pois, de outro modo, não há nenhum razão para pensarmos que pelo fato de a terra ser pequena e criaturas que habitam nela serem ainda menores, não poderem ser as coisas mais importantes do universo, porque este contém milhões e milhões de estrelas e outros planetas. Esta suposição é racional ou é emocional?

Vejo, como qualquer outro vê, o absurdo de supor que uma galáxia seja menos importante, aos olhos de Deus, que um homem. Porém me dou conta de que não vejo igualmente como absurdo supor que um homem mais baixo possa ser mais importante do que um homem mais alto, nem que um homem possa ser mais importante que uma árvore [que é maior que ele] ou que o cérebro seja mais importante que as pernas. Em outras palavras o sentimento de absurdo surge somente se as diferenças de tamanho são muito grandes. Mas quando uma relação é percebida pela razão, ela é válida universalmente. Se o tamanho e o valor tiverem alguma conexão real, as pequenas diferenças de tamanho seriam acompanhadas de diferenças de valor tão claramente como as grandes diferenças de tamanho são acompanhadas por grandes diferenças de valor. Porém, nenhum homem sensato diria que é assim que acontece. Eu não creio que um homem mais alto seja um pouco mais importante do que um homem mais baixo. Eu não reconheço que as árvores têm uma ligeira superioridade em relação aos homens. Ao tratar com pequenas diferenças de tamanho, percebo que não há relação alguma com o valor. Por isso, concluo que a importância atribuída às grandes diferenças de tamanho não é um assunto da razão, senão da emoção [....]

Somos poetas inveterados. Quando uma quantidade é muito grande, deixamos de vê-la como mera quantidade. Nossa fantasia desperta. Em vez de quantidade, agora temos uma qualidade: o sublime.

Em certo sentido, o poder que o universo tem de nos intimidar está em nós mesmos. Para uma mente que não compartilhe de nossas emoções e que careça de nossas energias imaginativas, o argumento do tamanho será completamente insensato. Os homens olham com reverência para o céu estrelado, mas os macacos não. O silêncio do espaço eterno aterrorizava Pascal, porém foi a grandeza de Pascal que colocou o espaço em situação de espantá-lo. Quando a grandeza do universo nos assusta, estamos assustados, quase literalmente, por nossas próprias sombras, pois os anos-luz e os bilhões de séculos são mera aritmética até que caiam sobre eles a sombra do homem, o poeta, o criador de fantasias [....] Em certo sentido, a grande nebulosa de Andrômeda deve sua grandeza a um pobre homem.

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Chesterton:

Se o simples tamanho prova que o homem não é a imagem de Deus, então a baleia poderia ser a imagem divina; uma imagem um tanto disforme; o que se poderia chamar de um retrato impressionista. É totalmente inútil argumentar que o homem é pequeno se for comparado ao cosmos; pois o homem sempre foi pequeno comparado à árvore mais próxima.

Segundo essa gente, o cosmos era uma coisa só porque tinha uma regra uniforme. Só que (diriam eles), mesmo sendo uma coisa só, ele é também a única coisa que existe. Por que, nesse caso, alguém deveria preocupar-se tanto em chamá-lo de grande? Não existe nada que possamos comparar com ele.

Será igualmente sensato chamá-lo de pequeno. Alguém pode dizer: "Eu gosto deste vasto cosmos, com sua multidão de estrelas e inúmeras variedades de criaturas." Mas, se esse é o ponto, por que alguém não deveria dizer: "Eu gosto deste pequeno e aconchegante cosmos, com seu decente número de estrelas e essa elegante provisão de vida que é do meu agrado"? Uma apreciação é tão boa quanto a outra; as duas são meros sentimentos. É um mero sentimento alegrar-se porque o Sol é maior do que a Terra; é um sentimento tão sensato como alegrar-se pelo fato de que o Sol não é maior do que é. Alguém escolhe ter uma emoção acerca da grandeza do mundo; por que ele não deveria escolher ter uma emoção acerca de sua pequenez?

A liberalidade e os Milagres

Chesterton

Por alguma razão extraordinária, existe a idéia fixa de que é mais liberal não acreditar do que acreditar em milagres. O motivo não consigo imaginar, e ninguém consegue me dizer.

[....] na medida em que se pode dizer que a idéia liberal de liberdade está num dos dois lados da discussão sobre os milagres, ela obviamente está do lado deles. Reforma ou progresso (este entendido no único sentido tolerável) significa simplesmente o controle gradual da matéria pela mente. Um milagre simplesmente significa o rápido controle da matéria pela mente.

Se você deseja alimentar o povo, pode pensar que alimentá-lo milagrosamente no deserto é impossível — mas não pode pensar que isso seja iliberal. Se você realmente deseja que crianças pobres vão à praia, não pode pensar que é iliberal que elas sejam levadas para lá no dorso de dragões voadores; você só pode pensar que isso é improvável. Um feriado, assim como o liberalismo, significa apenas a liberdade do homem. Um milagre significa apenas a liberdade de Deus.

Você pode, seguindo a consciência, negar qualquer uma das duas, mas não pode chamar a sua negação de triunfo da idéia liberal.

A presunção de que no duvidar dos milagres haja algo semelhante à liberalidade ou à reforma é literalmente o oposto da verdade. Se um homem não consegue acreditar em milagres, temos o fim da questão; ele não é particularmente liberal, mas é perfeitamente honrado e lógico, e essas são coisas muito melhores. Mas se um homem consegue acreditar em milagres, ele certamente é muito mais liberal; porque os milagres significam, primeiro, a liberdade da alma e, segundo, o controle dela sobre a tirania das circunstâncias.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Antony Flew fala de C. S. Lewis


Antony Flew, considerado o principal filósofo dos últimos cem anos, passou mais de cinquenta defendendo o ateísmo. Nesse período, ninguém conseguiu expor as teorias do ateísmo de forma tão completa, original e sistemática como ele fez. O nome de Flew passou a ser associado ao moderno ateísmo em 1950, com o ensaio entitulado Theology and Falsification, que se tornou a publicação mais reimpressa do século XX. No entanto, ao continuar investigando o tema, ele reviu seus conceitos.

Flew, participou do Socratic Clube, um grupo que era, realmente, "o centro do que ainda havia de vida intelectual de Oxford no tempo de guerra. O clube era um fórum onde aconteciam acalorados debates entre ateístas e cristãos". De 1942 a 1954, seu presidente foi C. S. Lewis. A exortação "devemos seguir o argumento até onde ele nos levar", atribuída a Sócrates, era o "brasão" do clube e foi citado por Lewis na primeira edição do Socratic Digest.

Em seu livro "Deus existe", Flew dá testemunho da coragem, da honestidade e da intelectualidade de C. S. Lewis. Diz ele que "é de fato um paradoxo que meu primeiro argumento em favor do ateísmo tenha sido originalmente apresentado em uma reunião do Socratic Club presidida por um dos maiores defensores do cristianismo do século passado, C. S. Lewis. [....] Lewis foi, certamente, o mais eficiente defensor do cristianismo da segunda metade do século XX. [....] Muitos dos maiores ateístas entraram em conflito com Lewis e seus companheiros cristãos".

Flew sistematizou a desenvolveu a maior parte dos fundamentos do ateísmo. Por essa razão, atualmente ele sofre duras críticas por parte dos ateus, pelo fato de ter "revisto seus conceitos" e, hoje, declarar que existe um Deus.

domingo, 3 de maio de 2009

O sofrimento humano

C. S. Lewis

As criaturas causam sofrimento ao nascer, vivem infligindo sofrimento, e em sofrimento a maior parte delas morre. Na mais complexa de todas as criaturas, o homem, apresenta-se ainda uma outra qualidade que chamamos de razão. Ela permite ao homem antever o próprio sofrimento - que, a partir de então, é precedido de aguda aflição mental - e prever a própria morte enquanto anseia intensamente permanecer vivo... Sua história é, em grande medida, um registro de crimes, guerras, doenças e terror, entremeados da felicidade mínima necessária para lhes conceder, enquanto durar, um receio aflitivo de sua perda e, quando esta acontecer, a pungente tristeza da lembrança.