“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

domingo, 10 de maio de 2009

A liberalidade e os Milagres

Chesterton

Por alguma razão extraordinária, existe a idéia fixa de que é mais liberal não acreditar do que acreditar em milagres. O motivo não consigo imaginar, e ninguém consegue me dizer.

[....] na medida em que se pode dizer que a idéia liberal de liberdade está num dos dois lados da discussão sobre os milagres, ela obviamente está do lado deles. Reforma ou progresso (este entendido no único sentido tolerável) significa simplesmente o controle gradual da matéria pela mente. Um milagre simplesmente significa o rápido controle da matéria pela mente.

Se você deseja alimentar o povo, pode pensar que alimentá-lo milagrosamente no deserto é impossível — mas não pode pensar que isso seja iliberal. Se você realmente deseja que crianças pobres vão à praia, não pode pensar que é iliberal que elas sejam levadas para lá no dorso de dragões voadores; você só pode pensar que isso é improvável. Um feriado, assim como o liberalismo, significa apenas a liberdade do homem. Um milagre significa apenas a liberdade de Deus.

Você pode, seguindo a consciência, negar qualquer uma das duas, mas não pode chamar a sua negação de triunfo da idéia liberal.

A presunção de que no duvidar dos milagres haja algo semelhante à liberalidade ou à reforma é literalmente o oposto da verdade. Se um homem não consegue acreditar em milagres, temos o fim da questão; ele não é particularmente liberal, mas é perfeitamente honrado e lógico, e essas são coisas muito melhores. Mas se um homem consegue acreditar em milagres, ele certamente é muito mais liberal; porque os milagres significam, primeiro, a liberdade da alma e, segundo, o controle dela sobre a tirania das circunstâncias.

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