“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Bem aventurado quem nada espera

Chesterton
Toda a apreciação genuína se fundamenta num certo mistério de humildade e de quase escuridão. O homem que disse, “Bem aventurado quem nada espera, pois não será desapontado”, colocou o elogio muito inadequadamente e mesmo falsamente. A verdade é: “Bem aventurado quem nada espera, pois será surpreendido”. Quem nada espera, vê rosas mais vermelhas que os homens comuns, vê gramas mais verdes e um sol mais brilhante. Bem aventurado quem nada espera, pois possuirá as cidades e as montanhas; bem aventurado os mansos, pois possuirão a terra. Até que percebamos que as coisas podem não ser, não podemos perceber que as coisas são. Até que vejamos o fundo negro, não podemos admirar a luz como uma coisa criada e única. Tão logo tenhamos visto a escuridão, toda luz será imprevista, brilhante, ofuscante e divina. Até que imaginemos o nada, subestimamos a vitória de Deus, e não poderemos perceber nenhum dos troféus de Sua antiga guerra. Um dos milhões dos espantosos gracejos da verdade é que não sabemos nada até que nada saibamos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O homem humilde

Chesterton

É o homem humilde que faz grandes coisas. É o homem humilde que faz coisas ousadas. É ao homem humilde que se concedem as visões sensacionais, e isso por três óbvias razões: em primeiro lugar, porque ele força mais seus olhos do que qualquer outro homem para vê-las; em segundo lugar, porque é mais inundado e elevado pelas visões quando elas acontecem; em terceiro lugar, porque as registra mais exata e sinceramente e com menos adulteração advinda de seu ordinário, orgulhoso e cotidiano ego. Aventuras são para aqueles a quem elas são mais inesperadas – isto é, mais românticas. Aventuras são para os tímidos: neste sentido, aventuras são para os não-aventureiros.