“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Em busca da felicidade...

É fácil vermos os enganos que foram cometidos no passado, na nossa história. Difícil é perceber os nossos próprios enganos, aqueles que nos distraem hoje. O caminho para o fracasso é enganador, tem aclives e declives suaves, sem curvas, nenhuma sinalização e uma paisagem que promete muitas coisas boas pela frente. Só nosso senso crítico pode identificar o caminho errado que tomamos. Aceitar tudo sem analisar é perigoso. Nem sempre a maioria é que está certa. Nossa história mostra isso muito bem: a esfericidade da Terra, a Gravidade, a visão heliocêntrica do sistema solar, eram mal vistas pela maioria, no entanto tratava-se da verdade.

"O grande problema de qualquer sistema de pensamento são as lógicas disfarçadas de interesses outros que se fazem passar por interesses do próprio indivíduo." (Bonder)


A todo momento estamos sendo enganados por livros desonestos, programações televisivas tendenciosas, pessoas influentes inescrupulosas e por nós próprios, pois recebemos de braços abertos tudo o que nos chega e tomamos como certo, saudável e verdadeiro. Não procuramos criticar, nem avaliar aquilo que nos é transmitido e, principalmente, não procuramos construir em nós uma capacidade para examinar com segurança todas essas coisas. Acabamos ficando a mercê de toda e qualquer falácia que é jogada em nosso meio. Daí as intermináveis “modas”, cada vez mais freqüentes no mundo moderno. Pensamento positivo, auto-aceitação, lei da atração, segredos do sucesso, tabus morais e éticos, tudo isso infiltra-se no nosso meio como novas soluções para “vivermos melhor”.

Enfrentar situações arriscadas sem se dar conta do perigo, é irresponsabilidade. Conhecer as coisas parcialmente, nesse caso, é mais perigoso do que não conhecê-las. Quem não as conhece passa desapercebido, quem conhece parcialmente, acha que encontrou a solução para sua vida. Contudo, quem avalia, quem examina, conhecerá o perigo, a falsidade, a desonestidade embutida nessas idéias.

"O conhecimento parcial nos afasta mais da realidade do que a própria ignorância. " (Bonder)


O fato de algumas dessas falácias “funcionarem” não quer dizer que devam ser seguidas. Existem coisas que quando funcionam explodem e matam.

"As pessoas não conhecem a fundo o mundo em que vivem e, por essa razão, acreditam, cegamente, em meia-dúzia de máximas cínicas que estão longe de ser a expressão da verdade." (Chesterton)


A busca da felicidade a todo custo nos traz infelicidade, pois a felicidade não é algo que deva ser buscada. Ela é a recompensa e não o objetivo. A prostituta distorce a natureza do sexo, porque recebe dinheiro em troca, como se o objetivo do sexo fosse o dinheiro. Quem, em vez de viver segundo os preceitos de sua natureza moral, vive à procura da felicidade, torna-se egoísta em alto grau, pois tudo o que faz é em prol de sua felicidade. Casa-se, porque dizem que o casamento traz felicidade, tem filhos, porque dizem que é uma das melhores coisas da vida. E se faz obras de caridade, as faz porque se sente feliz com isso. Não percebe que a felicidade é pra ser apenas a recompensa de tudo isso e não o objetivo para praticá-los. De outra forma, casar-se, ter filhos e fazer obras de caridade seriam apenas ações interesseiras para seu próprio bem, para sua felicidade. “Mas os outros também ficam felizes com isso” você poderia dizer. Sim, ficam, mas isso invalida o seu egocentrismo? Será que todas as ações são válidas independente das intenções?

O que eu quero que as pessoas entendam é que, hoje em dia, somos bombardeados por informações, de tal forma, que não temos como assimilar e avaliar tudo. Assim, para alguém “distraído”, as informações que ficam são aquelas que nos foram mostradas de forma mais elaborada, com a melhor propaganda, a mais bonita, a que fazem as melhores promessas. Temos que formar nosso senso crítico, nosso fundamento, pelo qual avaliaremos as coisas. As ferramentas para isso não estão de forma alguma escondidas, nem ocultas, não são místicas nem são questão de privilégio. Estão acessíveis a todos. Tenhamos mais cuidado com a escolha de nossas leituras. Existem muitos livros excelentes. A chamada Literatura Clássica tem muito a nos ensinar. É um deleite lê-los.
“Quem, de três milênios, não é capaz de se dar conta, vive na ignorância, na sombra, a mercê dos dias, do tempo.” (Goethe)

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