“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

quarta-feira, 5 de março de 2008

Passado e Presente

Veio-me à cabeça, neste instante, a questão do nosso aprendizado. Não falo do ensino em si, mas do aprendizado pela vivência e pelo conhecimento do passado, que nos possibilita evitar os mesmos erros.

Quando falamos de um passado recente, é indiscutível a importância desse conhecimento. Muitos dos erros que já cometemos podem são evitados justamente pela lembrança deles. Por exemplo, não tomo determinado medicamento, porque me lembro que ele me trouxe fortes reações alérgicas.

Contudo, quanto mais nos afastamos nessa linha do passado, parece-me, menos nos preocupamos no que ele tem a nos ensinar. Faz diferença se o remédio que me fez mal foi há 10 dias ou há 10 anos. No primeiro caso relutarei fortemente em tomá-lo, já no segundo caso, nem tanto. Outra possibilidade é que eu tenha esquecido completamente das reações adversas que tal remédio me causou. Nesse caso, levando-se em conta somente o ponto de vista da alergia ao remédio, não farei qualquer resistência para tomá-lo. A inadvertência pode ser fatal.

O ponto ao qual quero chegar é de que o passado guia boa parte do nosso presente, e quanto mais sabemos dos acontecimentos anteriores, mais preparados estaremos para tomar decisões hoje. Eis um dos grandes problemas que enfrentamos nos dias de hoje. Vivemos na era da informação. Não há como abarcar tudo o que nos chega. Como eu já havia dito em outro lugar, “hoje em dia, somos bombardeados por informações, de tal forma, que não temos como assimilar e avaliar tudo. Assim, para alguém “distraído”, as informações que ficam são aquelas que nos foram mostradas de forma mais elaborada, com a melhor propaganda, a mais bonita, a que fazem as melhores promessas.

Quanto melhor conhecermos o passado, tanto melhor para não errarmos no presente. A História tem muito a nos ensinar. O problema de se viver sem conhecer o passado é que ficamos bem mais desprevenidos, menos críticos e abraçando toda e qualquer doutrina que se nos apresente. Como alguém anestesiado, viveremos sem “sentir” o perigo instalado.

O importante é a lembrança dos erros, que nos permite não cometer sempre os mesmos. O verdadeiro tesouro do homem é o tesouro dos seus erros, a larga experiência vital decantada por milênios, gota a gota. (Ortega y Gasset)

Estamos vivendo numa época de insensibilidade, de pressa, de competição, de deslealdade, de falsidade e hipocrisia. Não se espera mais o adversário levantar-se para que a luta possa continuar, hoje se atira pelas costas!

Não temos tempo de refletir onde e como estamos vivendo. Não temos tempo para a leitura, não temos tempo para descansar, pois ou descansamos ou nos “divertimos”. E como assimilamos a “diversão” à felicidade, estamos sempre em busca da “diversão”. Não conseguimos sequer conceber que a felicidade possa ser adquirida de outra maneira.

Antigamente se tinha uma visão do “certo” e “errado”. Hoje se diz que tudo é relativo. Tanto cristãos, quanto pagãos, tinham um sentimento de culpa de seus atos. Era mais fácil “curar” aqueles que se sentiam enfermos. Hoje temos que demonstrar que existe uma doença para que as pessoas acolham a notícia de que existe um remédio.

O homem antigo se chegava a Deus (ou aos deuses), como uma pessoa acusada se aproxima do juiz. Para o homem moderno, os papéis se inverteram. O homem é o juiz e Deus está no banco dos réus. O homem moderno é um juiz extraordinariamente benévolo: está disposto a escutar a Deus se Este for capaz de defender razoavelmente o porquê das guerras, da pobreza e das enfermidades. O processo pode inclusive terminar com a absolvição de Deus. Porém o importante é que o homem está no tribunal e Deus é que está no banco dos réus. (C. S. Lewis)

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