“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Aprendendo com a imaginação




Boa parte da realidade nos escapa, no sentido de que não conseguimos apreendê-la de uma forma direta. Desta maneira, o melhor método para compreendê-la é o contraste, a contraposição. De que melhor forma explicaríamos a luz, senão contrastando-a com a escuridão? E o som, opondo-o ao silêncio? Na química e na física, por exemplo, temos bastantes modelos para a representação de elementos que não podemos ver e de teorias que não podemos testar, mostrando que, para tudo aquilo que não podemos captar pela razão, precisamos de uma via alternativa, que nos aproxime da realidade. A imaginação é, sem dúvida, esta via. É por isso que os contos-de-fadas se tornam uma das melhores maneiras para aprendermos, pois, que melhor método de contraste podemos ter, senão este que nos mostra as coisas, não como são, mas como não são? Quando crianças, aprendemos a humildade com as histórias de gigantes, imaginando alguém maior e mais forte que nós. Com as histórias de fadas madrinhas, aprendemos que nem sempre o que desejamos é o melhor para nós.

Alguns confundem esse gosto pela imaginação com uma banalização ou fuga da realidade. Não se trata disso. Como nos lembra Chesterton “Acreditamos que o pé de feijão subiu até o céu; mas isso em nada confunde nossas convicções acerca da questão filosófica de quantos feijões são cinco.”
As histórias infantis que se pretendem ‘realistas’, tendem muito mais a enganar as crianças... Todas as histórias em que as crianças passam por aventuras e sucessos que são possíveis, no sentido em que não rompem as leis da natureza, mas que são quase infinitamente improváveis, tendem muito mais que os contos de fadas a criar falsas expectativas... [As histórias ‘realistas’] tendem, muito mais do que as histórias fantásticas, a tornar-se ‘fantasias’ no sentido clínico do termo. (C. S. Lewis)

Nada há de mais plausível e confiável do que os contos-de-fadas, que nos fazem ver as coisas como realmente são: encantadoras demais para podermos racionalizá-las, restando-nos apenas admirá-las... (Chesterton)

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