Chesterton [com adaptações minhas]
O pessimista acha que tudo é ruim, exceto ele mesmo.
O ser humano pertence a este mundo antes de começar a perguntar se isso é agradável. Ele lutou pela bandeira, e muitas vezes conquistou heróicas vitórias por ela muito antes de estar sequer alistado. Para resumir o que parece ser a questão essencial, ele tem um dever de lealdade muito antes de ter qualquer admiração.
[O mundo] é a fortaleza de nossa família, com a bandeira tremulando no torreão, e quanto pior ele for, tanto menos razão para o deixarmos. A questão não é que este mundo é triste demais para ser amado ou alegre demais para não o ser; a questão é que, quando se ama alguma coisa, a sua alegria é a razão para amá-la, e a sua tristeza é a razão para amá-la ainda mais. Todos os pensamentos otimistas sobre a Inglaterra e todos os pensamentos pessimistas sobre ela são igualmente boas razões para o patriota inglês.
Volte às mais sombrias raízes da civilização, e você descobrirá que elas estão presas em volta de alguma pedra sagrada ou em torno de algum poço sagrado. As pessoas primeiro prestaram homenagem a um local e depois conquistaram a glória para ele. Roma não foi amada por ser grande. Ela foi grande por ter sido amada.
Qual é o problema do pessimista? Acho que ele pode ser exposto dizendo que se trata de um antipatriota cósmico. E qual é o problema do antipatriota? Acho que ele pode ser expresso [....] dizendo que se trata de um amigo sincero. E qual é o problema do amigo sincero? [....] o ponto negativo do amigo sincero é simplesmente que ele não é sincero. Sempre esconde alguma coisa — seu prazer sombrio em dizer algo desagradável. Ele alimenta um desejo secreto de ferir, não apenas de ajudar. É certamente isso, na minha opinião, que torna determinado tipo de antipatriota irritante aos olhos de cidadãos sadios. [Ele fala:] "Lamento dizer que estamos arruinados", mas ele de fato não lamenta nada. E pode-se dizer, sem retórica, que se trata de um traidor; pois ele está usando aquele perigoso conhecimento que lhe foi dado para fortalecer o exército, a fim de dissuadir as pessoas de se alistarem.
Exatamente da mesma forma o pessimista (que é o antipatriota cósmico) usa a liberdade que a vida [lhe] confere, a fim de aliciar e afastar as pessoas da bandeira [do mundo]. Admitindo-se que ele apenas declare fatos, é ainda essencial saber quais são suas emoções, qual é sua motivação. Pode ser que mil e duzentos cidadãos em Tottenham tenham sido afetados pela varíola; mas nós queremos saber se isso está sendo afirmado por algum grande filósofo que deseja amaldiçoar os deuses, ou simplesmente por algum [homem] comum que deseja ajudar os homens.
O pecado do pessimista não é, então, que ele pune os deuses e os homens, mas que não ama o que pune — ele não tem essa lealdade primária e sobrenatural às coisas.
4 comentários:
Muito legal, Agnon, o texto de Chesterton. E eu não o conhecia. Interessante esta sintonia.
Forte abraço!!
Quando li aquela sua postagem no seu blog, lembrei-me rapidamente do Chesterton e vim publicar esse texto dele aqui.
Abraço.
Oii Fabiiano, poxa vi seus posts achei interessante , vou fiicar te seguiindo agora!!!
Fique à vontade, Edja.
Um abraço.
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