Um diálogo interessante, se pudesse ter acontecido, me veio ao pensamento ao ver o "incidente" ocorrido no Jornal da Band no primeiro dia do ano. O jornalista Boris Casoy fez um comentário mais do que infeliz, que se tornou público por uma falha técnica que deixou "vazar" o áudio do seu microfone enquanto passava-se para o intervalo.
Boris Casoy:
Corção, na semana do gari, em 1980, escreveu no jornal o seguinte:
Gustavo Corção:
Corção foi um dos maiores intelectuais que o Brasil já teve. Falando sobre sua antiga profissão de fiscal de lixeiros, ele comenta:
Quantos vazamentos de áudio serão necessários para conhecermos aqueles em que confiamos para nos informar sobre o que acontece no mundo?
Boris Casoy:
"Que merda: dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo da escala do trabalho..."
Corção, na semana do gari, em 1980, escreveu no jornal o seguinte:
Gustavo Corção:
"[O gari é] seu irmão varredor que você de longe vê na sua roupa de fogo desbotado a tentar uma façanha maior do que as famosas de Hércules: limpar os caminhos dos homens".
Corção foi um dos maiores intelectuais que o Brasil já teve. Falando sobre sua antiga profissão de fiscal de lixeiros, ele comenta:
"[....] em vez de acompanhá-lo de longe como fiscal, acompanha-lo-ia de perto como lixeiro suplente ou como amigo. E assim as quatro horas de serviço encurtaram para nós ambos porque íamos andando e conversando.
[....] filosofávamos; e enquanto o burrico obediente ia arrastando devagar as sobras, os detritos e as sujeiras de uma longa rua adormecida, nós dois, irmãos pelo lixo, conversávamos sobre as coisas simples e luminosas que são os assuntos irresistíveis de todas as almas eternizadas pela humildade e pela pobreza.
Se a coluna das quintas e sábados não tivesse seus limites [....] todo o papel do jornal seria pouco para patentear a gratidão que carrego por tudo o que vi e ouvi e pelo que recebi de todos, a começar pelos humildes companheiros de perambulantes e fedorentas matinas".
Quantos vazamentos de áudio serão necessários para conhecermos aqueles em que confiamos para nos informar sobre o que acontece no mundo?
4 comentários:
Muito bom, Agnon. Excelente ideia a de fazer esse diálogo imaginário. Sua reflexão ao fim da postagem é ótima. Valeu, meu irmão.
Uma diferença abismal entre os dois "personagens", não é mesmo, Jefferson?
Um abraço.
esse sujeito é uma vergonha, e ninguem faz nada para consertar o erro, por isso o Brazil esta assim, o preconceito ainda é muito grande e quem poderia ajudar não faz nada. Nem adianta reclamar, o cara segue lá como se nada tivesse acontecido. gostei do diálogo
boa tua pergunta final.
casos infelizes assim suscitam tais perguntas. infelizmente eles ainda acontecem. e a partir de gente que aparenta outra atitude e pensamento.
abraço.
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