[Para as minhas irritações], a desculpa que surge de imediato em minha mente é que a provocação foi súbita e inesperada demais; fui pego com a guarda baixa, não tive tempo para me prevenir. Isso até pode servir como atenuante para aqueles atos particulares, que seriam muitíssimo piores se cometidos de forma deliberada e premeditada. Por outro lado, será que o que um homem faz quando é pego com a guarda baixa não é o melhor sinal de que tipo de homem ele é na realidade? Não é a verdade que sempre se evidencia quando o homem não tem tempo de vestir seu disfarce? Se existem ratos no porão, a melhor maneira de apanhá-los é entrando no local de sopetão. A entrada repentina não cria os ratos, apenas os impede de se esconder. Da mesma forma, a rapidez da provocação não faz de mim um homem mal-humorado; simplesmente mostra o quão mal-humorado eu efetivamente sou. O porão está sempre cheio de ratos, mas, se chegamos fazendo barulho, eles têm tempo de buscar um esconderijo antes de acendermos a luz. Pelo jeito, os ratos do ressentimento e da vingança moram no porão da minha alma. Ora, esse porão não está ao alcance da minha vontade consciente. Posso controlar meus atos em certa medida, mas não tenho controle direto sobre meu temperamento. Se o que mais importa é o que somos, não o que fazemos - se, com efeito, o que fazemos é importante sobretudo na medida em que revela o que somos -, a conclusão inescapável a que chego é que a mudança mais urgente a que devo me submeter é uma mudança que meus esforços diretos e voluntários não podem realizar.
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Depois dos primeiros passos na vida cristã, nos damos conta de que tudo o que realmente precisa mudar na alma só pode ser feito por Deus.
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Depois dos primeiros passos na vida cristã, nos damos conta de que tudo o que realmente precisa mudar na alma só pode ser feito por Deus.
Lewis
Um comentário:
"...tudo o que realmente precisa mudar na alma só pode ser feito por Deus."
Sem dúvida nenhuma...
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