Chesterton
Se nossa vida realmente quiser ser bela como um conto de fadas, devemos nos lembrar de que toda a beleza de um conto de fadas está no seguinte: que o príncipe tem um espanto que quase chega a ser medo. Se ele temer o gigante, será o seu fim; mas também se ele não se sentir atônito diante do gigante, será o fim do conto de fadas. A questão toda depende de ele ser ao mesmo tempo suficientemente humilde para espantar-se e suficientemente orgulhoso para desafiar.
Assim, nossa atitude com o gigante do mundo não deve simplesmente ser de crescente delicadeza ou de crescente desprezo; deve haver uma determinada proporção das duas coisas — que esteja exatamente certa. Devemos ter em nós reverência suficiente por todas as coisas fora de nós a ponto de pisar a grama com cuidado. Devemos também ter desprezo suficiente por todas as coisas fora de nós a ponto de, na ocasião devida, cuspir nas estrelas. Mas, essas duas coisas (se quisermos ser bons e felizes) devem ser combinadas, não de qualquer modo, mas numa determinada combinação.
A perfeita felicidade dos homens sobre a terra (se ela um dia acontecer) não será uma coisa plana e sólida, como a satisfação dos animais. Será um equilíbrio exato e perigoso; como o equilíbrio de um romance desesperado. O homem precisa ter a medida exata e suficiente de fé em si mesmo para ter aventuras; e ter a medida exata e suficiente de dúvida de si mesmo para desfrutá-las.
Um comentário:
Olá. Acho que é a primeira vez que visito este blog. Interessante, é que, ainda ontem, vi uma fotografia que me inspirou a escrever sobre viver a vida e correr riscos... É claro que minhas palavras são muito pobres comparadas a este texto maravilhoso que li aqui. Muito bom, mesmo.
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