“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O naufrágio da vida

Chesterton
Crusoé é um ser humano numa pequena ilha com uns poucos confortos que acabam de ser arrancados do mar; a melhor coisa no livro é simples­mente a lista dos objetos resgatados do naufrágio. O maior dos poemas é um inventário. Cada utensílio de cozinha torna-se ideal porque Crusoé poderia tê-lo deixado cair no mar.

É um bom exercício, em horas vazias e desagradáveis do dia, olhar para qualquer coisa, [...] e pensar que alguém poderia sentir-se fe­liz por ter tirado aquilo de um navio afundado perto de uma ilha deserta. Mas é um exercício ainda melhor lembrar-se de como todas as coisas passaram por esse salvamento por um triz: tudo foi salvo de um naufrágio. Todos os homens passaram por uma horrível aventura [...]

Mas eu realmente sentia (a fantasia pode parecer boba) como se toda ordem e número de coisas fossem as sobras românticas do navio de Crusoé. O fato de existirem dois sexos e um sol era igual ao fato de existirem duas armas de fogo e um machado. Era extremamente indispensável que nada se perdesse; [...] As árvores e os planetas pareciam coisas salvas de um naufrágio; e quando vi o monte Matterhorn, senti prazer por ele não ter sido esquecido na confusão...

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