“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O problema das modernas discussões sociais

Chesterton
O doente pode querer ou não querer quinino[1], mas o que quer certamente é saúde. Ninguém diz: "Estou cansado desta dor de cabeça; quero uma dor de dentes!", ou: "A única coisa para esta gripe russa é uma varicela germânica!" ou ainda “Através desta bronquite, avisto o refulgente paraíso dum reumatismo!”.

Todavia, a dificuldade dos nossos problemas públicos está toda em que certos homens procuram curas que outros homens considerariam como doenças ainda piores e oferecem ideais de saúde que outros se obstinam em classificar de estados patológicos.

Este é o ponto em suspensão, o fato dominante nas modernas discussões sociais: a questão não diz meramente respeito às dificuldades, mas às finalidades. Estamos de acordo quanto ao mal, mas é quanto ao bem que nos agatanhamos. Todos admitimos que uma aristocracia inativa é prejudicial, mas isto não obriga a que todos aceitem como benéfica uma aristocracia ativa. Todos nos sentimos incompatibilizados com um clero irreligioso, mas alguns de nós se enfureceriam enojados só de pensar num clero verdadeiramente religioso. Causa indignação geral a eventual fraqueza do nosso exército, mas há aqueles que se indignariam ainda mais de o ver fortalecido.


[1] Quinino é um alcalóide de gosto amargo que tem funções antitérmicas, antimaláricas e analgésicas.

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