Chesterton foi o único que conheço que percebeu o paradoxo da coragem. Dizia ele que a coragem é quase uma contradição em termos, significa “um forte desejo de viver sob a forma de uma grande disposição para morrer”. Já vimos catástrofes de pessoas que saltaram de cima de prédios em chamas, homens que se precipitaram em penhascos e outros que enfrentaram feras, para salvarem suas vidas. Sob um desejo grande de viver, dispuseram-se a morrer. Em muitos casos, só se escapa da morte andando a um centímetro dela.
“Um soldado cercado por inimigos, se quiser achar uma saída, precisa combinar um forte desejo de viver com uma estranha despreocupação com a morte. Ele não deve simplesmente agarrar-se à vida, pois então será covarde — e não escapará. Ele não deve simplesmente aguardar a morte, pois então será suicida — e não escapará. Ele deve buscar a vida num espírito de furiosa indiferença diante dela...”
Nos casos mais extremos, a salvação consiste em não desejar salvar-se com demasiado desespero. “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á [....] (Marcos 8:35)”. O final deste mesmo versículo já é o inverso: “Quem perder a sua vida, salva-la-á”. Significa dispor-se a morrer para salvar-se. Chesterton faz alusão a estas palavras. Diz ele, a respeito de seu personagem, dependurado há vários metros de altura: “Lembrava-se de ter ouvido muitas vezes estas palavras: 'Quem perder a sua vida, salva-la-á.' Lembrava-se, com uma espécie de lástima, de que por elas sempre entendera que quem perdesse a vida corporal salvaria a vida espiritual. Agora sabia uma verdade já sabida de todos os lutadores, caçadores e alpinistas. Sabia que até a sua vida corporal só poderia salvar-se graças a uma forte disposição para perdê-la [....] Talvez encontrasse onde apoiar o pé ao descer a tremenda fachada, desde que não se preocupasse se tais apoios existiam ou não”.
C. S. Lewis, com muita agudeza, percebeu, parece-me, a essência desse paradoxo: “Numa batalha ou numa escalada de montanha, muitas vezes há uma manobra que exige muita coragem; mas é ela também que, no final, constitui o movimento mais seguro. Se você optar por outro curso de ação, ver-se-á horas depois num perigo muito maior. O caminho do covarde é também o caminho mais perigoso”.
Marcos 8:35 é uma orientação para o dia-a-dia de marinheiros e sodados. Poderia ser estampado no livro de orientações ou de treinamentos para escaladores de montanhas, mergulhadores, aventureiros e paraquedistas.
“Um soldado cercado por inimigos, se quiser achar uma saída, precisa combinar um forte desejo de viver com uma estranha despreocupação com a morte. Ele não deve simplesmente agarrar-se à vida, pois então será covarde — e não escapará. Ele não deve simplesmente aguardar a morte, pois então será suicida — e não escapará. Ele deve buscar a vida num espírito de furiosa indiferença diante dela...”
Nos casos mais extremos, a salvação consiste em não desejar salvar-se com demasiado desespero. “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á [....] (Marcos 8:35)”. O final deste mesmo versículo já é o inverso: “Quem perder a sua vida, salva-la-á”. Significa dispor-se a morrer para salvar-se. Chesterton faz alusão a estas palavras. Diz ele, a respeito de seu personagem, dependurado há vários metros de altura: “Lembrava-se de ter ouvido muitas vezes estas palavras: 'Quem perder a sua vida, salva-la-á.' Lembrava-se, com uma espécie de lástima, de que por elas sempre entendera que quem perdesse a vida corporal salvaria a vida espiritual. Agora sabia uma verdade já sabida de todos os lutadores, caçadores e alpinistas. Sabia que até a sua vida corporal só poderia salvar-se graças a uma forte disposição para perdê-la [....] Talvez encontrasse onde apoiar o pé ao descer a tremenda fachada, desde que não se preocupasse se tais apoios existiam ou não”.
C. S. Lewis, com muita agudeza, percebeu, parece-me, a essência desse paradoxo: “Numa batalha ou numa escalada de montanha, muitas vezes há uma manobra que exige muita coragem; mas é ela também que, no final, constitui o movimento mais seguro. Se você optar por outro curso de ação, ver-se-á horas depois num perigo muito maior. O caminho do covarde é também o caminho mais perigoso”.
Marcos 8:35 é uma orientação para o dia-a-dia de marinheiros e sodados. Poderia ser estampado no livro de orientações ou de treinamentos para escaladores de montanhas, mergulhadores, aventureiros e paraquedistas.
2 comentários:
Muito, muito interessante mesmo. Goste demais!
Esse pensamento é um daqueles que vai fazendo "clique" (como disse Chesterton) quanto mais vc pensa sobre o assunto e relaciona com a vida...
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