“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Precisa-se de homem não-prático

Chesterton

[Uma das mais singulares fantasias do nosso tempo é a de que], quando as coisas vão mal, é preciso um homem prático. Estaríamos bem mais perto da verdade se disséssemos que quando as coisas vão muito mal precisamos de um homem não-prático. Pelo menos, com certeza, precisamos de um teórico. Homem prático quer dizer aquele habituado às simples práticas do dia-a-dia, à maneira como as coisa funcionam vulgarmente. Quando as coisas não andam, do que se precisa é de um pensador, isto é, de um homem que tenha uma doutrina pela qual as coisas devem correr. É disparate tocar lira quando Roma arde, mas há toda a razão para que se estude hidráulica mesmo durante o incêndio.

É, portando, necessário deitar fora o agnosticismo pessoal quotidiano e tentar "conhecer a causa das coisas" [1]. Se o seu avião está ligeiramente avariado, um homem habilidoso pode repará-lo, mas se está gravemente danificado, o mais natural é que seja necessário desencantar de uma universidade ou de um laboratório um velho professor distraído, de cabeleira encanecida e desarrumada, para analisar o problema. Quanto pior for o estrago, mais cabelos brancos e mais distração do teórico serão necessários para solucionar o problema. Em alguns casos extremos, ninguém, a não ser o homem (provavelmente louco) que inventou a nossa aeronave, poderá talvez dizer de que avaria se trata.

[1] No original rerum cognoscerem causa.

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