“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

domingo, 22 de junho de 2008

Em defesa da Metáfora

Com freqüência, quando falamos de algo que não se pode perceber com os cinco sentidos, usamos palavras que, em um de seus significados, referem-se a coisas ou atos que o são. Quando alguém diz que agarrou uma idéia, ele faz uso de um verbo (agarrar) que significa literalmente tomar algo nas mãos, mas certamente não está pensando que sua mente possui mãos nem que uma idéia pode ser manejada como um revólver. Para evitar esse termo "agarrar" ele pode mudar de forma de expressão e dizer "vejo o seu ponto de vista", mas não está indicando que um objeto pontudo apareceu no seu campo visual. Pode tentar outra vez e dizer: "Estou seguindo você", sem indicar com isso que está andando atrás de você numa estrada. Todos estão familiarizados com este fenômeno lingüístico e os gramáticos o chamam de metáfora. É, porém, um grave erro pensar que a metáfora é algo opcional que poetas e oradores podem colocar em suas obras como decoração e os que falam com simplicidade podem abster-se dela.

A verdade é que se tivermos de falar sobre coisas que não são percebidas pelos sentidos, somos forçados a usar a linguagem figurada. Os livros de psicologia, economia ou política fazem tanto uso da metáfora quanto os de poesia ou devocionais. Não existe outro meio de falar, como todo filósofo sabe perfeitamente. Os que quiserem ter certeza disso podem confirmar o fato lendo alguns livros desse tipo. É um estudo que dura à vida inteira e devo contentar-me aqui com a simples declaração do fato; toda conversa sobre supersensíveis é, e deve ser, metafórica no mais elevado grau.

Lewis

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