“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Ofensa e Oferta

Tomás de Aquino estava certo quando disse que “uma ofensa é tanto maior quanto maior é aquele contra quem é cometida”. Insultar um morador de rua não tem as mesmas conseqüências de insultar um juiz de direito. A ofensa é medida pelo lado do ofendido. Quanto “maior” o ofendido, maior se torna a ofensa. É assim que reputamos como maiores, as ofensas que sofremos daqueles que são importantes para nós, daqueles que amamos. Isso pode ser observado quando, sob a ofensa de uma pessoa querida, dizemos “Até você?!”, como Júlio César, que diante dos conjurados que lhe assassinariam no Senado, viu seu próprio filho: “Tu quoque, Brute, fili mi?” (Até tu, Brutus, meu filho?).

Os que se amam, ofendem-se até por muito pouco. O dengo, muitas vezes, é uma pequenina ofensa, quase nada, mas feita por um grandioso ofensor – o amado.

Já a oferta é tanto maior quanto maior for o ofertante. Um livro autografado, mesmo em más condições, vale mais do que dez deles em ótimo estado. O recruta se sente mais lisonjeado com o elogio de um coronel do que de um soldado. Temos tantos exemplos de coisas insignificantes quanto ao seu valor material, mas imensamente importantes, por terem sido ofertadas por pessoas que estimamos. A oferta é medida pelo lado do ofertante. É por isso que são edificantes as palavras carinhosas ofertadas entre os amantes, pois, quão grande ofertante é aquele que amamos!

Aplicação teológica:

Percebo que a idéia exposta acima, pode nos ajudar a entender a questão do pecado e da redenção.

Ofender a um coronel é um problema; ofender um juiz, um problema maior ainda; ofender a Deus, um problema infinitamente maior. O homem ofendeu a Deus com seus pecados. “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23). Que diria então, nós, insignificantes, ofertarmos nossas obras medíocres, para compensar nossa ofensa a Deus, se "todas as nossas justiças [são] como trapos de imundície " (Is 64:6)?. É por isso que a bíblia diz que a salvação independe de obras. Cristo morreu por nós e ele foi a oferta para nosso perdão, a única oferta digna e à altura, porque filho de Deus.

Assim poderia ser explicada a doutrina da graça: Ofendemos a Deus, que é grandioso; a ofensa é medida pelo ofendido. Assim nossa ofensa é enorme. Por outro lado, a oferta mede-se pelo ofertante; somos seres ínfimos diante de Deus. Assim, nada podemos ofertar de digno. No entanto, Cristo, filho de Deus, foi ofertado para que pudéssemos ser perdoados. Somos “justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:24). “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (At 16:31). Justificados, pois, pela fé.

Um comentário:

Florzinha disse...

Excelente texto.

Outro dia uma pessoa contou-me de um comentário que um adepto da doutrina espírita fez a um cristão que estava ouvindo uma oração num programa de rádio. Esse foi o comentário:

"Fique aí parado só escutando oração pra vc ver se vai salvar-se. Jesus não salva ninguém não. O que lhe salva é o que vc faz de bom aqui"

Oremos por ele!