“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

domingo, 11 de janeiro de 2009

"Na minha opinião..."


Já notaram que as pessoas têm o costume de dar opinião sobre o que desconhecem? Pior ainda, defendem a opinião, mesmo infundada, com unhas e dentes.

Muitas vezes é hilário. Já vi, não poucas vezes, a pessoa desconhecer determinado assunto no qual pedem sua opinião, então ela pede para que a expliquem o assunto para poder opinar. Talvez não haja nada de errado com essa atitude de primeiro querer entender o assunto ali, rapidamente, para se posicionar, caso se trata de coisas simples, ou de mero gosto ou de problemas que normalmente a intuição basta. Mas não é o que se vê. Todos os dias podemos encontrar pessoas dando suas opiniões sobre o conflito no Oriente Médio, sobre a crise financeira mundial, sobre as medidas tomadas para a administração de um país, etc. Os fundamentos, se é que os têm, geralmente são tirados da própria cabeça, ou de um “ter ouvido falar”, ou de um telejornal.

Eu sempre digo às pessoas que gostam de opinar sobre o governo do país, que mal consigo arrumar minha mesa de trabalho. Imagine, então, “arrumar” esse território imenso que é nossa pátria.

Alguém já havia dito que era uma pena que os maiores estrategistas para governar o país estavam ocupados demais cortando o cabelo dos outros ou dirigindo seus táxis. É uma crítica à mania de dar opinião sobre o que desconhece. Realmente se ouve muitas opiniões nos salões de beleza e nas corridas de táxi.

Temos que ter bases sólidas para nossas opiniões em assuntos “delicados”. Devemos pesquisar os especialistas no assunto, quem são eles, qual a tendência de cada um, etc. Não posso defender o comunismo lendo apenas Marx, mas preciso conhecer críticas ao marxismo, defesas do capitalismo , etc.

Não posso criticar a veracidade da bíblia porque li “O Código da Vinci” (sic)[1]. Dan Brown não tem credencial alguma pra servir de fundamento nesse assunto. Se querem criticar, por favor, pelo menos tenham alguma base respeitável. E ninguém tem uma base sólida conhecendo apenas um dos lados. Quem tiver a curiosidade de procurar saber o outro lado de “O Código da Vinci”, verá que se trata de uma brincadeira de mau gosto, todo construído sob casuística[2].

Devemos ser honestos e somente nos posicionarmos firmemente naquilo que tivermos oportunidade de conhecer melhor. Não estou querendo dizer que só devemos defender aquilo que tenhamos grande compreensão, mas que não devemos acreditar no primeiro que nos fala. Se você acha que o assunto merece atenção e que ele mexe com verdades importantes, então você precisa investigar honestamente e, como todo detetive, deve ser criterioso quando for buscar fontes de informação. Mais ainda, você deve procurar construir uma base, um fundamento pelo qual você avaliará as informações que chegam até você (o “bom senso” é uma parte desse fundamento). Afinal de contas, informações podem estar certas ou erradas.

[1] SIC é um advérbio latino, que significa literalmente "assim". É usado para indicar ao leitor que aquilo que ele acabou de ler, por errado ou estranho que pareça, é assim mesmo.
[2] Casuística é um tipo de argumentação que se utiliza de especulações para legitimar algo.

2 comentários:

Walter Cruz disse...

Hehehe.. o livro de Provérbios diz que aquele que se cala pode até se passar por sábio.

Mas é isso, hoje em dia as pessoas são tão ansiosas pra tudo que corremos o risco de termos 'ejaculações precoces' verbais. Às vezes, é isso mesmo que acontece :(

juliana kramer disse...

"Ejaculação precoce verbal"...rs
Gostei...
Realmente é o que anda acontecendo.