“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.” (G.K.C)
sábado, 27 de dezembro de 2008
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Eros

[....]
Quando Eros está em nós essa é uma de suas marcas: preferimos ser infelizes com o ente amado a ser felizes em quaisquer outros termos.
[....]
Eros jamais hesita em dizer: “Antes isto do que a separação. Melhor ser miserável com ela do que feliz sem ela. Deixe que nossos corações se partam, desde que se partam juntos”.
A vida como um jogo de xadrez

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
A linguagem poética
Testando nosso entendimento
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
A validade da razão
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Integridade
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Sobre a felicidade
Um evento, dependendo da visão de cada pessoa, pode diferir de tal maneira que nem parecerá que essas pessoas foram afetadas pelo mesmo evento. Desta forma, os melhores prazeres do mundo experimentados por um tolo, são estéreis, se comparados, por exemplo, com os sentimentos de prazer que Miguel de Cervantes experimentou, numa sela miserável, escrevendo “D. Quixote” ou de John Bunyan ao escrever “O Peregrino”.
Nossa felicidade dependerá muito mais daquilo que “somos” do que daquilo que temos ou experimentamos. Sócrates, ao ver artigos luxuosos à venda, exclamou: “Quanto existe no mundo que eu não quero!”
Schopenhauer, acertadamente, disse que a riqueza pouco pode fazer por nossa felicidade e muitas pessoas ricas são infelizes. Aquilo que um homem tem dentro de si mesmo é o elemento principal para sua felicidade. Daí o “segredo” dos cristãos. A felicidade e a consolação de que os verdadeiros cristão são exemplos têm um motivo: uma maneira peculiar de ver o mundo está no interior deles.
O apóstolo Paulo nos relata o seguinte:
Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez (2Co 11:23-27).
Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1Co 3:16).
Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente (1Co 2:11-14).
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Distorção
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Até uma criança sabe...
Fico surpreso com o que todas as crianças sabem. Por exemplo, estava conversando com um amigo sobre a teoria da evolução. Eu estava falando das incoerências da teoria, quando, de repente, um rapaz que ouvia nossa conversa interviu e começou a defendê-la. A certa altura da discussão, ele falou:
Qualquer criança sabe que a seleção natural atuando sobre o conjunto de variações ancestralmente existentes, pode desenvolver mudanças significativas. Por exemplo, o olho evoluiu mais de 40 vezes, em nove designs diferentes.Relmente, para as crianças, esse deve ser o principal tema das conversas enquanto soltam pipa.
É comum as pessoas quererem obter anuência de suas afirmações declarando solenemente que "até uma criança sabe" que o que elas estão dizendo é verdade. O efeito é instantâneo, pois os que ouvem, não querendo se mostrarem ignorantes àquilo que "até uma criança sabe", silenciam suas dúvidas ou questionamentos. Concordam, não por convicção, mas por vergonha e receio.
Portanto, nunca se envolva numa controvésia sem levar algumas crianças consigo.
Falsa certeza
Saudade
a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Um pouco sobre Chesterton
Tão natural como sua extravagância física era sua jovialidade intelectual, suas tiradas espirituosas. Qualquer argumento poderia ser convertido por ele, automaticamente, em um deslumbrante passe de mágica. Sua abordagem era diferente: ele caminhava até o centro da ponte pênsil, esbravejava um desafio a qualquer guerreiro mais ousado e, então, levava todos às gargalhadas. Era o mesmo homem alegre e descontraído, estivesse num parque de diversões ou num debate com Shaw, Wells ou Bertrand Russel. Em certo debate com Shaw, em 1927, transmitido pela BBC de Londres, por exemplo, havia uma multidão para assistir, mas as dependências do Kingsway Hall não comportavam tanta gente, de modo que uma parte considerável ficou do lado de fora. O humor e as tiradas divertidas de Chesterton fizeram com que o público externo, não resistindo às gargalhadas de quem estava dentro, arrebentasse as portas para entrar no recinto. Semelhante debate ocorreu em 1935 com Bertrand Russel, onde Chesterton deixou o famoso matemático e filósofo quase sem resposta para muitas de suas lúcidas indagações. Normalmente chegava atrasado, ajustava os óculos pincenê para perscrutar suas anotações rabiscadas num punhado de papéis e passava a entreter o público, rindo alto das próprias graças e piadas. Quase sempre ganhava o público com seu charme arrasador e celebrava levando o oponente vencido ao pub mais próximo.
Nas palavras de Philip Yancey, Chesterton era um cristão que “Desatou sua mente em vez de contê-la, que combinavam um sabor de sofisticação com a humildade que ele não exigia dos outros e, acima de tudo, que havia experimentado a vida com Deus como uma fonte de alegria, não de repressão [....]. Conseguia apresentar a fé cristã com mais humor, bom ânimo e força intelectual do que qualquer outro no século passado. Com o mesmo zelo de um soldado na defesa do último reduto, ele encarava feras como Shaw, H. G. Wells, Sigmund Freud, Karl Marx e qualquer outro que ousasse explicar o mundo sem considerar Deus e sua Encarnação". T. S. Eliot julgou que Chesterton "fez mais que qualquer de seus contemporâneos [....] para sustentar a existência desta minoria importante para o mundo moderno”.
Como se quisesse compensar-lhe da monstruosa corpulência que levantou sobre seus pés, o Criador dotou o cérebro de Chesterton com o mais ágil, flexível e agudo entendimento que nenhum outro de seus contemporâneos possuiu. C. S. Lewis, o maior apologeta do século XX, em sua autobiografia, diz que Chesterton “era mais sensato que todos os outros modernos juntos, [....] seu humor é do tipo que mais me agrada – não piadas incrustadas na página como passas num bolo, e menos ainda (o que nem consigo suportar) um tom genérico de irreverência e jocosidade; mas o humor que não é de modo nenhum separável do argumento, e sim (como diria Aristóteles) a ‘florescência’ na própria dialética. Como uma espada que brilha não porque o espadachim decide fazê-la brilhar, mas porque está lutando pela sua vida, e, portanto, movimentando-a agilmente”.
Escreveu mais de 4.000 artigos para jornais e mais de 100 livros e aproximadamente 200 contos, quase todos ditados para sua secretária Dorothy. Praticamente não precisava revisar o que havia criado.
A agudeza e mordacidade intelectual, que o transformava em um inimigo terrível, se uniam em sua imensa caridade, bondade e afetuosidade, que lhe convertia no mais doce dos amigos. De sua amizade, desfrutavam muitos daqueles com quem ele debatia em público. Shaw o definirá como “um ‘querubim gigantesco’, um menino disfarçado de adulto”.
Faleceu em 14 de junho de 1936 de insuficiência cardíaca. Suas últimas palavras foram dirigidas a sua esposa Frances (“Olá, carinho”) e a sua secretária Dorothy (“Olá, querida”) nos momentos em que acorda do coma em que estava. Termina a vida com a mesma alegria com que começou. Por uma estranha coincidência, na mesma hora em que falecia Gilbert Keith Chesterton, Bernard Shaw anunciava, em Newcastle, que não falaria mais em público. Com estes dois mosqueteiros, que tantas vezes mediram suas armas dialéticas, o espetáculo dos debates perdeu, na Inglaterra, seus dois mais hábeis, tenazes e fantásticos combatentes.
O mundo que perdeu Chesterton não avaliou a justa medida do que perdia. Agora, os que o encontram começam a se admirar com o que "descobriram".
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Anarquia
O anarquismo nos estimula a ser artistas criativos arrojados e a não dar atenção alguma a leis e limites. Mas é impossível ser artista e não dar atenção a leis e limites. A arte é limitação; a essência de todos os quadros é a moldura. Se você desenha uma girafa, deve desenhá-la de pescoço comprido. Se, dentro do seu método criativo arrojado, você se julgar livre para desenhar uma girafa de pescoço curto, de fato descobrirá que não está livre para desenhar uma girafa. No momento em que se entra no mundo dos fatos, entra-se no mundo dos limites. Pode-se libertar as coisas de leis externas ou acidentais, mas não das leis da sua própria natureza. Você pode, se quiser, libertar um tigre da jaula; mas não pode libertá-lo de suas listras. Não liberte o camelo do fardo de sua corcova: você o estaria libertando de ser um camelo. Não saia por aí feito um demagogo, estimulando triângulos a libertar-se da prisão de seus três lados. Se um triângulo se libertar de seus três lados, sua vida chega a um desfecho lamentável.
A anarquia completa não apenas impossibilitaria a existência de qualquer disciplina ou fidelidade; também impossibilitaria qualquer divertimento.
Para dar um exemplo óbvio, não valeria a pena apostar se a aposta não criasse obrigações. A dissolução de todos os contratos não só destruiria a moralidade, mas também acabaria com as apostas. Ora, apostas e jogos dessa natureza são apenas formas atrofiadas e distorcidas do instinto original do homem por aventura e romance [....] E perigos, recompensas, punições e realizações de uma aventura precisam ser reais, caso contrário a aventura é apenas um pesadelo incerto e cruel.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Nosso modo de viver
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Dá pra entender?
Fulano: Sim.
Eu: Você tem certeza disso?
Fulano: Absoluta.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
A intolerância dos tolerantes
No mesmo momento, lembrei-me de outra situação em que estive numa sorveteria que fica em um bairro universitário daqui de Fortaleza. Um lugar conhecido como "liberal", desses lugares onde a união entre pessoas do mesmo sexo é algo comum, onde se vê, constantemente, rodas de violão, gaitas "cigarros" e vinho, onde as pessoas se dizem livres de preconceito. Após boas risadas por causa de uma "criatura" espalhafatosa que entrou na sorveteria, um colega que estava comigo perguntou o que eu achava da questão levantada pela ciência a respeito de o homossexualismo ser de causa genética. Eu respondi que, talvez, genética deve ser essa mania dos cientistas quererem isentar os problemas humanos através de um "fatalismo". Enquanto eu falava, ele tentava me dizer algo olhando para os lados, com um sorriso meio desconcertado. Havia um casal de meninas na mesa vizinha e, na outra, havia uma turma de cinco rapazes afeminados. Alguns deles já me olhavam com certo desdém.
E outra vez, sem motivo aparente me veio à mente que, há uma semana, uma crítica a Nietzsche, numa livraria em que eu estava, custou-me o desrespeito de dois filósofos que eu acabara de conhecer.
A ligação entre essas três ocasiões veio como um raio na minha cabeça. Ocorreram todas em um intervalo de pouco mais de um mês, mas convergiram, na minha mente, para um mesmo ponto em comum, quando fui advertido pelo meu amigo da Universidade Estadual do Ceará.
O ponto em comum a que me refiro é que todas aquelas pessoas que, de certa forma, me censuraram, são as mesmas que se dizem tolerantes, liberais, livres-pensadores e “mentes abertas”. No entanto, os defensores da tolerância não pareceram muito tolerantes. Seus livres-pensamentos não aceitavam a minha liberdade. Suas mentes abertas se fechavam diante de uma opinião sincera, que conflitava com a deles. Os liberais mostravam-se conservadores.
Os que defendiam que devemos aceitar todas as diferenças não aceitavam que se pensasse diferente. Ironicamente a liberdade de expressão deles significava que não se pode tocar em certos assuntos. Em última análise, parece-me que a busca por esse tipo de liberdade nos priva de sermos livres.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
O livro e a imaginação
A evolução de uma idéia
Enquanto os Homens Morrerem, a Liberdade não Perecerá

O avião e a rádio aproximaram-nos. A própria natureza destes inventos é um apelo à fraternidade universal, à união de todos. Neste momento, a minha voz alcança milhões de pessoas através do mundo, milhões de homens sem esperança, de mulheres, de crianças, vítimas dum sistema que leva os homens a torturar e a prender pessoas inocentes. Àqueles que podem ouvir-me, digo: Não desesperem. A desgraça que nos oprime não provém senão da cupidez, do azedume dos homens que têm receio de ver a humanidade progredir. O ódio dos homens há-de passar, e os ditadores morrem, e o poder que tiraram ao povo, o povo retomá-lo-à. Enquanto os homens morrerem, a liberdade não perecerá.
Contra-argumentando um cético

quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Algumas Idéias sobre os Livros e a Leitura
Um dos grandes problemas em muitas partes do mundo contemporâneo é aprender a ler, e em outras é descobrir o que ler depois de ter aprendido. Em nosso ocidente favorecido somos esmagados sob o peso do material impresso, e o problema para nós se torna então o da escolha do que ler. Devemos também decidir o que não ler.
Há quase um século, Emerson declarou que se o homem pudesse começar a ler no dia em que nasce e continuasse lendo sem interrupção durante setenta anos, no final desse período teria lido um número de livros suficiente apenas para preencher um pequeno nicho na Biblioteca Britânica. A vida é tão curta e os livros de que podemos dispor são tantos que ninguém pode vir a conhecer mais que uma fração de um por cento dos livros publicados.
Não é preciso dizer que a maioria de nós não sabe escolher o material de leitura. Fico às vezes imaginando quantos metros quadrados de material impresso passa à frente dos olhos do homem civilizado comum no espaço de um ano. Com certeza chega a muitos acres, e temo que nosso leitor mediano não colha uma grande colheita de seus acres. O melhor conselho que ouvi neste sentido foi dado por um ministro metodista: "Leia sempre o seu jornal de pé". Henry David Thoreau também tinha um baixo conceito da imprensa diária. Pouco antes de deixar a cidade para a sua agora famosa permanência às margens do Lago Walden, um amigo lhe perguntou se gostaria que o jornal fosse entregue em sua casa de campo. "Não", replicou Thoreau, "já vi um jornal".
Em nossa leitura séria somos provavelmente bastante influenciados pela idéia de que o principal valor de um livro é informar; e se estivermos falando de livros didáticos, então isso será naturalmente verdade, mas quando nos referimos a livros, seja em conversa ou por escrito, não temos em mente esse tipo de leitura.
O melhor livro não é aquele que simplesmente informa, mas o que estimula o leitor a informar-se. O melhor escritor é o que nos acompanha através do mundo das idéias como um guia amigo que anda a nosso lado pela floresta indicando-nos uma centena de prodígios naturais que não tínhamos notado antes. Aprendemos então com ele a ver por nós mesmos e logo não mais necessitamos de um guia. Se ele tiver feito bem o seu trabalho, podemos continuar sozinhos sem perder quase nada de interessante no caminho.
O autor que nos ajuda mais é aquele que traz à nossa atenção pensamentos que estão pairando em nossa mente, à espera de serem reconhecidos como nossos. Tal pessoa faz o papel de uma parteira, assistindo ao nascimento das idéias que se achavam em gestação há muito tempo em nossa alma, mas que sem esse auxílio talvez não viessem a nascer jamais.
São poucas as emoções que nos satisfazem tanto quanto a alegria proveniente do ato de reconhecimento, quando vemos e identificamos os nossos próprios pensamentos. Todos tivemos mestres que procuraram educar-nos introduzindo idéias estranhas em nossa mente, idéias com as quais não sentíamos qualquer afinidade espiritual ou intelectual. Tentamos integrar essas noções no conjunto de nossa filosofia espiritual, mas sempre sem qualquer resultado.
Num sentido muito real homem algum pode ensinar outro; mas apenas ajudá-lo a ensinar-se a si mesmo. Os fatos podem ser transferidos de uma para outra mente, da mesma forma que uma cópia é feita passando o conteúdo da fita original para um gravador. História, ciência e até mesmo teologia podem ser ensinadas desta forma, mas isso resulta num tipo de aprendizado bastante artificial e raras vezes influencia positivamente a vida do aluno num sentido mais profundo. O que o aprendiz contribui para o processo de aprendizado é tão importante quanto tudo que o professor possa contribuir. Se o aluno não participar com nada os resultados serão nulos; o mais que se pode esperar é a criação artificial de um outro professor, imitação do primeiro, que irá repetir em mais alguém o mesmo processo fatigante, ad infinitum.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
A Filosofia para a Sala-de-Aula

Muitas das desorientações e dúvidas no campo religioso, surgem pelo fato de os céticos de hoje começarem sempre, falando sobre tudo aquilo em que eles não acreditam. Mas, mesmo de um cético, o que queremos saber primeiro é em que ele realmente acredita. Antes de começar a discutir, é preciso saber o que é que não se discute. Essa confusão aumenta infinitamente pelo fato de que todos os céticos de nosso tempo são céticos em diferentes graus dessa dissolução que é o ceticismo.
Agora, nós temos (espero), uma vantagem sobre todos esses novos filósofos sabidos: mantemo-nos em sã consciência. Acreditamos que existe, de fato, a catedral de São Paulo; e grande parte de nós acredita em São Paulo. É preciso deixar bem claro que acreditamos em muitas coisas que, embora façam parte de nossa existência, não podem ser demonstradas. Nem é preciso meter religião na história. Diria até que todos os homens de bom senso, acreditam firme e invariavelmente em umas quantas coisas que não foram provadas e que nem sequer podem ser provadas.
De forma resumida, são elas:
(3) Todos os homens em sã consciência acreditam que existe uma certa coisa chamada eu, self ou ego e que é contínua. Não há nenhum centímetro de meu cérebro igual ao que era há dez anos atrás. Mas se eu salvei a vida de um homem numa batalha há dez anos atrás, fico orgulhoso; se me acovardei, sinto-me envergonhado. A existência desse “eu” axial nunca foi comprovada e não pode ser comprovada. Trata-se de uma questão mais do que “improvável” e que é muito debatida entre os metafísicos.
(4) Finalmente, a maioria dos homens em sã consciência acredita, e todos o admitem na prática, que têm um poder de escolha e responsabilidade por suas ações.
Seguramente é possível elaborar algumas afirmações simples como as acima, para que as pessoas possam saber a que se ater. E se os jovens do futuro não vão ter formação em religião, pode-se-lhes ensinar, pelo menos, de forma clara e firme, um pouco de bom senso, três ou quatro certezas do pensamento humano livre.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Homenagem aos bons livros

"Há tantos livros, mas há tão pouco tempo."
Frank Zappa
"Eu sempre imaginei que o paraíso deve ser algum tipo de biblioteca."
Jorge Borges
"Em uma boa biblioteca, você sente, de alguma forma misteriosa, que você está absorvendo, através da pele, a sabedoria contida em todos aqueles livros, mesmo sem abrí-los."
Mark Twain
"Contos de fada são mais do que a verdade. Não porque eles nos dizem que dragões existem, mas porque eles nos dizem que dragões podem ser derrotados."
Neil Gaiman
"Os livros servem para mostrar para um homem que aqueles seus “pensamentos originais”, não são tão novos assim, afinal."
Abraham Lincoln
"Uma casa sem livros é como uma sala sem janelas."
Heinrich Mann
"O pior dos novos livros é que eles nos impedem de ler os antigos."
Joseph Joubert
"Um clássico é um livro que nunca termina de dizer o que tem para dizer."
Italo Calvino
"Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro."
Henry Thoreau
"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive."
Antônio Vieira
"Coragem... pequeno soldado do imenso exército. Os teus livros são as tuas armas..."
Edmondo Amicis
"A cultura valeu-se principalmente dos livros que fizeram os editores ter prejuízo."
Thomas Fuller
"Os livros podem ser divididos em dois grupos: aqueles do momento e aqueles de sempre."
John Ruskin
"Como é conveniente e agradável o mundo dos livros! - se não se atribuir a ele as obrigações de um estudante, nem considerá-lo um sedativo para a preguiça, mas entrar nele com o entusiasmo de um aventureiro!"
D. Grayson
"Não importa a quantidade de livros que tens, mas a sua qualidade."
Seneca
"Nunca leio um livro antes de o analisar: a leitura influencia negativamente."
Sydney Smith
"É bom ter livros de citações. Gravadas na memória, elas inspiram-nos bons pensamentos."
Winston Churchill
"O livro é uma extensão da memória e da imaginação."
Jorge Borges
"A leitura de todos os bons livros é uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados."
Descartes
"Não há melhor fragata do que um livro para nos levar a terras distantes."
Emily Dickinson
"Caminhais em direcção da solidão. Eu, não, eu tenho os livros."
Marguerite Duras
"Só se devem ler livros escritos há mais de cem anos."
Jorge Borges
"A enorme quantidade de livros que circulam por aí está a deixar-nos completamente ignorantes."
Voltaire
"É menor pecado elogiar um mau livro sem o ler, do que depois de o ter lido. Por isso, agradeço imediatamente depois de receber o volume."
Drummond
"As grandes livrarias são monumentos da ignorância humana. Bem poucos seriam os livros se contivessem somente verdades. Os erros dos homens abastecem as estantes."
Marquês Maricá
"Na verdade um livro que não merece ser lido duas vezes não é digno de ser lido nem uma vez."
Jean Paul
"Um livro é como um espelho: quando é um macaco que se olha nele, não pode ver reflectido nenhum apóstolo."
Georg Lichtenberg
"O mal que podem fazer os maus livros só é corrigido pelos bons; os inconvenientes das luzes são evitados por luzes de um grau mais elevado."
Stael
"Se amo alguns livros são aqueles em que sinto que o seu autor, que pode ter morrido séculos antes de eu ter sido engendrado, se dirigia a mim, a mim pessoal e concretamente, a mim em confidência."
Miguel Unamuno
"Livro, quando te fecho, abro a vida."
Pablo Neruda
"Pela grossura da camada de pó que cobre a lombada dos livros de uma biblioteca pública pode medir-se a cultura de um povo."
John Steinbeck
"Um bom livro é a substância de um espírito superior, recolhida e embalsamada para lhe sobreviver."
John Milton
"Passa-se com os livros como com os homens, um pequeno número representa um grande papel; o resto confunde-se com a multidão."
Voltaire
"Há três tipos de livros: os que ajudam a pensar, os que ajudam a não pensar e os que só ajudam a gastar mal o dinheiro."
Noel Clarasó
"Um bom livro é um legado precioso que o autor faz à humanidade."
Joseph Addison
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Filosofar
O engano dos best-selleres

Hoje, porém, com as mesmas proporções causadas pelos erros de um “escritor de reconhecida excelência”, temos aqueles escritores que, apesar da falta de excelência, influenciam profundamente o público através da “patente”. Basta um Ph.D ou uma cátedra em Oxford, Harvard, Cambridge, etc, para que tudo o que ele disser seja tido como verdade[2]. Discordo das palavras de Stanislav Andreski, quando dizia que o “pensamento confuso leva a lugar nenhum e pode ser tolerado indefinidamente sem produzir nenhum impacto no mundo", pois as conseqüências do “pensamento confuso” de um moderno escritor Ph.D são incalculáveis, simplesmente pela confiabilidade que lhe é dada com base em seus títulos. Richard Dawkins, por exemplo, é um excelente zoólogo, mas um filósofo trapalhão. O perigo surge quando, sob suas credenciais de zoólogo, ele nos quer ensinar filosofia. Pensa-se que ali estão as letras de um zoólogo profissional, quando, na verdade, estamos lendo o filósofo amador.
Um outro perigo é a quantidade de livros vendidos. Milhões de livros vendidos não é critério de avaliação de um escritor, ainda mais se for escritor moderno, já que vivemos um declínio da cultura intelectual[3].
Não me cansarei nunca de citar Mortimer Adler quando diz que “livros têm ganhado o aplauso da crítica e uma extraordinária atenção popular na mesma proporção em que eles faltam com a verdade - quanto mais eles o fazem, melhor. Muitos leitores, e muito particularmente aqueles que escrevem resenhas na imprensa, empregam outros padrões de julgamento para exaltar ou condenar os livros que lêem - a novidade, o sensacionalismo, a sedução, a força e até mesmo o poder de confundir ou desorientar a mente, no lugar da verdade, da clareza e do poder de esclarecimento”[4].
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
O impostor
[...]
Depois dos primeiros passos na vida cristã, nos damos conta de que tudo o que realmente precisa mudar na alma só pode ser feito por Deus.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Relativismo
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Citação
Os que odeiam o bem estão, às vezes, mais perto do que os que dele nada sabem e pensam que já o possuem.
Conforme a moda
Na
Abri
É
Pascal dizia que podemos ter três objetivos principais em relação à verdade: "um, descobri-la quando a buscamos; dois, demonstrá-la quando a possuímos; e por último, discerni-la do falso quando a examinamos". A moda hoje é não ter objetivo algum com a verdade. Assim, quem não a busca, muito menos pode demonstrá-la e, por não examiná-la, não pode discerni-la do falso.
Excerto do Pequeno Príncipe
[...]
- Ah! meu pedacinho de gente, meu amor, como eu gosto de ouvir esse riso!
- Pois é ele o meu presente ... será como a água...
- Que queres dizer?
- As pessoas têm estrelas que não são as mesmas.
Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém...
- Que queres dizer?
- Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, porque numa delas estarei rindo, então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem rir!
E ele riu mais uma vez.
- E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto ... E teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Tu explicarás então: "Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!" E eles te julgarão maluco. Será uma peça que te prego ...
E riu de novo.
- Será como se eu te houvesse dado, em vez de estrelas, montões de guizos que riem ...
E riu de novo...
[...]
E nenhuma pessoa grande jamais compreenderá que isso tenha tanta importância!
Esta é, para mim, a mais bela paisagem do mundo, e também a mais triste. É a mesma da página precedente. Mas desenhei-a de novo para mostrá-la bem. Foi aqui que o principezinho apareceu na terra, e desapareceu depois. Olhem atentamente esta paisagem para que estejam certos de reconhecê-la, se viajarem um dia na África, através do deserto. E se acontecer passarem por ali, eu lhes suplico que não tenham pressa e que esperem um pouco bem debaixo da estrela! Se então um menino vem ao encontro de vocês, se ele ri, se tem cabelos de ouro, se não responde quando interrogam, adivinharão quem é. Então, por favor, não me deixem tão triste; escrevam-me depressa que ele voltou...
Jesus é um mito?
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
A lógica do livre-arbítrio
domingo, 31 de agosto de 2008
O amor é como nossa própria sombra
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
A sabedoria dos antigos (Prefiro os sebos às grandes livrarias)
Conhecer bons livros, muitas vezes, é uma questão de sorte (principalmente nessa época em que vivemos, com uma enxurrada de títulos que se nos oferecem). Porém, para quem, de alguma forma, conheceu um bom autor, o que se segue, aplicando-se o bom senso, é um "efeito dominó". Acontece da seguinte maneira: Conheci um bom livro de um autor A. Esse autor A cita um autor B, então compro livros do autor B. O autor B cita outro autor C. E assim sucessivamente. É uma corrente. Em pouco tempo, e algum dinheiro (sic), você estará com uma boa biblioteca.
Andei lendo alguns desses livros best-sellers que vemos em toda vitrine nas livrarias. Esses livros que nos oferece felicidade, dinheiro, amor perfeito e sucesso. É interessante como o assunto é tratado, falta leveza, falta estilo, falta conteúdo, enfim, falta tudo aquilo que compõe um bom livro. Em vez disso, temos “meia dúzia de máximas cínicas que estão longe de ser a expressão da verdade”. Se compararmos com algum "livro antigo", como Chesterton os chama, veremos a discrepância de idéias. Enquanto os antigos nos dizem uma verdade, os best-sellers, como os que eu li, nos ensinam o auto-engano, e pior ainda, sem nos dizer que aquilo é um auto-engano.
Mortimer Adler, nos anos 40, já denunciava:
Livros têm ganhado o aplauso da crítica e uma extraordinária atenção popular na mesma proporção em que eles faltam com a verdade - quanto mais eles o fazem, melhor. Muitos leitores, e muito particularmente aqueles que escrevem resenhas na imprensa, empregam outros padrões de julgamento para exaltar ou condenar os livros que lêem - a novidade, o sensacionalismo, a sedução, a força e até mesmo o poder de confundir ou desorientar a mente, no lugar da verdade, da clareza e do poder de esclarecimento.
Quer um exemplo? Em quase todos os best-sellers atuais de auto-ajuda que li, existe a mesma fórmula mágica da felicidade, que é a divinização do amor: “Siga a voz do coração! Faça o que o amor mandar”. Rebeldia, cujas conseqüências derivam dos desejos reprimidos dos quais Freud falava.
Por que os escritores antigos não descobriram essa fórmula mágica antes? Porém repito: não é que alguma idéia particular não tenha ocorrido aos antigos escritores. É que, simplesmente, eles encontraram muitas outras melhores para livrar-lhes da tolice.
Rougemont dizia que “o amor deixa de ser um demônio somente quando cessa de ser um deus” e Lewis completou dizendo que essa sentença pode naturalmente ser apresentada de outra forma: “começa a ser um demônio no momento em que começa a ser um deus”.
E, ao contrário do difundido conselho de “siga a voz do coração”, Lewis escreve:
Todo amor humano, em seu apogeu, possui a tendência de reivindicar uma autoridade divina. Sua voz tende a soar como se fosse a vontade do próprio Deus. Ela nos diz para não contar o custo, exige de nós um compromisso total, tenta superar todas as outras reivindicações e insinua que todo ato feito sinceramente "por causa do amor" é, portanto, legal e até meritório.
[...]
É preciso notar que os amores naturais fazem esta reivindicação blasfema quando se acham em sua melhor e não em sua pior condição natural; quando são o que nossos avós chamavam de "puros" e "nobres". Isto se evidencia especialmente na esfera erótica. Uma paixão fiel e genuinamente sacrificial irá falar-nos com o que parece ser a voz de Deus.
[...]
É possível que dediquemos a nossos amores humanos a fidelidade devida apenas a Deus. Eles então se tornam deuses: então se tornam demônios. Irão assim destruir-nos e também destruir a si mesmos. Pois os amores naturais, quando lhes é permitido que se tornem deuses, não permanecem amores. Continuam recebendo esse nome, mas se transformam na verdade em formas complicadas de ódio.
[...]
Este tema, aliás, tem grandes conseqüências práticas. A coisa mais perigosa que podemos fazer é tomar um certo impulso de nossa natureza como critério a ser seguido custe o que custar. Não existe um único impulso que, erigido em padrão absoluto, não tenha o poder de nos transformar em demônios. Talvez você pense que o amor pela humanidade em geral é livre de perigos, mas isso não é verdade. Se deixarmos de lado o senso de justiça, logo estaremos violando acordos e falsificando provas judiciais em prol do 'bem da humanidade'. Teremos então nos tornado homens cruéis e desleais.
Seguindo o exemplo que dei de Lewis, notamos a ponderação e a prudência, ele mesmo nos diz, em outro lugar, que os erros são enviados sempre aos pares (pares de opostos). E sempre somos estimulados a desperdiçar um tempo precioso na tentativa de adivinhar qual deles é o pior. Sabe por quê? Porque o fato de você abominar um deles leva-o aos poucos a cair no extremo oposto;
Assim, Lewis contrapõe a questão da divinização do amor com o desprezo do amor e chega a um meio termo.
Não existe um investimento seguro. Amar é ser vulnerável. Ame qualquer coisa e eu coração irá certamente ser espremido e possivelmente partido. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto, não deve dá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente em passatempos e pequenos confortos, evite todos os envolvimentos, feche-o com segurança no esquife ou no caixão do seu egoísmo. Mas nesse esquife - seguro, sombrio, imóvel, sufocante - ele irá mudar. Não será quebrado, mas vai tornar-se inquebrável, impenetrável, irredimível.
[...]
O único lugar fora do céu onde você pode manter-se perfeitamente seguro contra todos os perigos e perturbações do amor é o inferno.
Acredito que os amores mais fora-da-lei e imoderados são menos contrários à vontade de Deus do que uma falta de amor auto-provocada e auto-protetora.
[...]
Continua sendo verdade que todos os amores naturais podem ser imoderados. Imoderado não significa "insuficientemente cauteloso", nem "excessivo". Não se trata de um termo quantitativo. E provavelmente impossível amar qualquer ser humano simplesmente “demasiado”. Podemos amá-lo demais em proporção ao nosso amor a Deus; mas é a insignificância de nosso amor por Deus e não a grandeza de nosso amor pelo homem que constitui o excesso, embora mesmo isto precise ser aperfeiçoado.
[...]
A verdadeira pergunta é a quem você serve, ou prefere, ou coloca em primeiro lugar (quando surge a necessidade de fazer uma opção)? A sua vontade cede, em análise final, a qual das duas exigências?
[...]
O melhor amor de um ou outro tipo não é cego. [...] Se “tudo” - realmente tudo - “pelo amor” estiver implícito na atitude do ser amado, o amor dele ou dela não vale a pena de ser alcançado, pois não se relaciona da maneira certa com o próprio Amor.
PS: Nas grandes livrarias, quase sempre, não me agrada a estante dos “Mais Vendidos”.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Elogio e Desprezo x Descrição e Definição
terça-feira, 5 de agosto de 2008
A falácia do tempo

Chesterton, com sua perspicácia de sempre, nos diz:
A palavra “evolução” parece ter certa tendência a substituir “explicação”... A noção de suavidade, de consolador, de gradativo e lento constitui uma grande parte da enorme ilusão. Digamos que se trata tanto de uma ilusão como de um absurdo.
A lentidão nada tem que ver nesta questão. Um fato não é mais ou menos inteligível, segundo a velocidade em que se executa. Para um homem que não acredita em milagres, um milagre lento será tão incrível quanto um outro imediato, fulminante. A feiticeira grega pôde transformar os marinheiros em porcos ao simples contato com sua varinha mágica. Porém, ver um marinheiro desses, nosso amigo, convertendo-se, paulatinamente, em porco, não seria, de certo, muito mais tranqüilizador.
Não obstante, o materialismo histórico parece não poder despregar-se desse erro que consiste em acreditar que uma dificuldade fica iludida explicando-a por meio de um lento decorrer do tempo. A questão se apóia na falsa sensação de facilidade que se produz pela mera sugestão de ir devagar.
Não se pode considerar resolvido o problema substituindo a mudança rápida das coisas por uma transformação lenta...
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
O "monstrinho" da ciência

segunda-feira, 28 de julho de 2008
Antony Flew critica Dawkins

terça-feira, 22 de julho de 2008
O peso de glória
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Reflexão - C. S. Lewis
Progresso
Não modificamos o real para o adaptar ao Ideal, modificamos o Ideal: é mais fácil.
Exemplos vulgares são sempre mais simples. Suponhamos que um homem queira um certo mundo, digamos um mundo azul. Não teria nenhuma razão de se queixar da lentidão ou rapidez da tarefa; poderia se fatigar nessa transformação, poderia se esgotar até que tudo ficasse azul; passaria por aventuras heróicas, nos últimos retoques de azul sobre um tigre. Haveria sonhos fantásticos de um lugar azul... Mas se ele trabalhasse com afinco, esse reformador cheio de altas idéias deixaria, segundo seu ponto de vista, um mundo melhor e mais azul do que tinha encontrado.
Se cada dia ele pintasse uma folha de erva, avançaria lentamente. Mas se cada dia modificasse sua cor favorita, então não adiantaria absolutamente. Se, depois de ter lido um novo filósofo, ele se pusesse a pintar tudo de amarelo, então o seu trabalho estaria perdido: nada teria a mostrar senão aqui e ali algum tigre azul, lembrança desagradável de sua primitiva maneira [...]"
"O progresso não significa apenas uma mudança, mas uma mudança para melhor. Se um conjunto de ideias morais não fosse melhor do que outro, não haveria sentido em preferir a moral civilizada à moral bárbara, ou a moral cristã à moral nazista. [...]
Todos nós queremos o progresso. Progredir, porém, é aproximarmo-nos do lugar aonde queremos chegar. Se você tomou o caminho errado, não vai chegar mais perto do objetivo se seguir em frente. Para quem está na estrada errada, progredir é dar meia-volta e retornar à direção correta; nesse caso, a pessoa que der meia-volta mais cedo será a mais avançada. Todos já tivemos essa experiência com as contas de aritmética. Quando erramos uma soma desde o início, sabemos que, quanto antes admitirmos o engano e voltarmos ao começo, tanto antes chegaremos à resposta correta. Não há nada de progressista em ser um cabeça-dura que se recusa a admitir o erro. Penso que, se examinarmos o estado atual do mundo, é bastante óbvio que a humanidade cometeu algum grande erro. Tomamos o caminho errado. Se assim for, devemos dar meia-volta. Voltar é o caminho mais rápido."
sexta-feira, 11 de julho de 2008
O mundo como um conto de fadas
Esse sentimento dos contos de fada também arraigou-se fundo em mim e tornou-se um sentimento em relação ao mundo inteiro. Eu sentia e sinto que a vida em si brilha como um diamante, mas é frágil como uma vidraça; e quando os céus eram comparados ao terrível cristal, eu ainda posso lembrar-me do calafrio. Tinha medo de que Deus deixasse o cosmos cair e ele se espatifasse.
Lembre-se, porém, que ser quebrável não é o mesmo que ser perecível. Golpeie um vidro, e ele não vai resistir um instante; simplesmente não o golpeie, e ele vai resistir mil anos. Assim me parecia que era a alegria do ser humano, no mundo das fadas ou na terra; a felicidade dependia de NÃO FAZER ALGO que você poderia fazer a qualquer momento e, muitas vezes, não era óbvio o motivo por que não deveria fazê-lo."
terça-feira, 8 de julho de 2008
Lewis e a argumentação

segunda-feira, 7 de julho de 2008
Chesterton e a argumentação
A importância da leitura dos clássicos

Por que lê-los? Creio que a importância de ler os clássicos não reside somente no grandioso estilo literário e na inspiração emotiva, senão pela visão equilibrada das idéias e da exposição de verdades mais completas. Os clássicos aguçam nossos sentidos contra as meias verdades e as idéias modernas tidas como inéditas e originais. Aprendi isso com Chesterton, que dizia que “na história da humanidade, aparecem de tempos em tempos, de maneira especial em épocas agitadas como a nossa, certas coisas, que no mundo antigo se chamavam heresias. No mundo moderno, chamam-se modas. Às vezes, são úteis durante certo tempo; outras são completamente nocivas. Porém, sempre se conciliam, graças a uma convergência indevida em torno de uma verdade, ou de uma meia verdade”. O herege, nesse caso, é uma analogia, é um empréstimo do vocabulário religioso e aplicado de forma mais abrangente. "O herege não é um homem que ama demasiadamente a verdade. O herege é um homem que ama sua verdade mais que a verdade mesma. Prefere as meias verdades que descobriu, à verdade completa que a humanidade tem encontrado. Ele não gosta de ver seus preciosos paradoxos misturados a vinte obviedades na trouxa da sabedoria universal".
O conhecimento dos clássicos nos faz identificar “heresias” da modernidade, é muito provável que uma idéia tida como original, se encontre dividida em todos os grandes livros de caráter mais clássico e imparcial. Podem-se encontrar todas as novas idéias em livros antigos, só que ali as encontraremos equilibradas, no lugar que lhes corresponde e, às vezes, com outras idéias melhores que as contradizem e as superam. Os grandes escritores não deixavam de lado uma moda porque não haviam pensado nela, mas porque haviam pensado também nas outras respostas.
Chesterton nos dá um exemplo disso. Nietzsche, como todos sabem, pregou uma doutrina que ele e seus seguidores aparentemente consideravam muito revolucionária; sustentaram que a moral altruísta comumente havia sido uma invenção de uma classe escrava para evitar que em tempos posteriores surgisse alguém que a sobrepujasse hostilmente. Os modernos, estando ou não de acordo com ele, sempre se referem a essa idéia como algo novo e jamais visto. Supõe-se que os grandes escritores, digamos Shakespeare, por exemplo, não sustentou essa idéia porque jamais havia pensado nela. Recorramos ao último ato de Ricardo III de Shakespeare e encontraremos não só tudo o que Nietzsche tinha a dizer, resumido em duas linhas, mas também as mesmas palavras de Nietzsche. Ricardo o corcunda, disse:
Consciência é só uma palavra que usam os covardes,
Criada, a princípio, para infundir terror aos fortes.
O fato é evidente. Shakespeare havia pensado no que Nietzsche pensou, porém o deu seu próprio valor e pôs no lugar que lhe corresponde. Este lugar é a boca de um corcunda meio louco nas vésperas da derrota. Essa raiva contra os debilitados só é possível em um homem valente, porém fundamentalmente enfermo; um homem como Ricardo, um homem com Nietzsche. Podemos ver um exemplo, dentre vários, da falsa idéia de que estas filosofias são modernas no sentido de que os grandes homens do passado não pensaram nelas. Não se trata de Shakespeare não ter visto a idéia de Nietzsche; ele a viu, porém viu muito além dela.
O que chamamos de idéias novas são, geralmente, fragmentos das velhas idéias. Não é que uma idéia particular não tenha ocorrido a Shakespeare. É que, simplesmente, ele encontrou muitas outras para livrar-lhe da tolice.
sexta-feira, 4 de julho de 2008
A vantagem de ser bobo

... a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar e, portanto, estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Orgulho de ser humilde
"Seu paciente tem se tornado humilde, não é? Você tem conseguido chamar a atenção dele para este aspecto? Todas as virtudes são menos formidáveis assim que o homem percebe que as têm, mas isto é especialmente marcante com relação à humildade! Surpreenda-o num momento em que estiver mergulhado na mais profunda pobreza de espírito e contrabandeie sua atenção para um pensamento da linha "Uau! Mas não é que estou mesmo me tornando humilde?" Você observará quase imediatamente a aparição de uma vaidade - a vaidade pelo fato de ser humilde. Se ele se tocar quanto ao perigo e tentar abafar esta nova forma de orgulho, faça-o orgulhoso por ter conseguido, e assim por diante, em quantos degraus que você considere necessário. Mas não mantenha este jogo por muito tempo, claro, pois isso poderia despertar o senso de humor dele e seu senso de proporção. Se isso ocorrer, ele simplesmente dará risada na sua cara e irá tranqüilamente para a cama".