“Contenham esse avanço... Façam qualquer coisa, por menor que seja... Mantenham aberta ainda que seja uma só porta dentre cem, pois conquanto que tenhamos pelo menos uma porta aberta, não estaremos numa prisão.”
(G.K.C)

sábado, 18 de abril de 2009

A vida sem padrões

Hoje em dia é muito comum a crítica aos valores morais. Dizem que vivemos em outra época e, por isso, tal e tal moralidade não cabe mais.

De certa forma, aqui e acolá, pode-se justificar esse pensamento, mas ele não é para ser abrangente, de forma alguma. Ele é exceção e não regra. No post anterior falei sobre as armadilhas das modernas filosofias. Eis o maior problemas delas. Querem destruir os valores morais que sempre se demonstraram certos - e aqui já serei criticado por falar em algo "certo". Essas filosofias tem como base a perigosa afirmação de que nada é certo e nada é errado, ou seja, não existe esse negócio de certo e errado. E ai, já não conseguem nem abrir a boca sem se contradizerem, pois quando dizem que certo e errado não existem, pretendem que essa afirmativa seja certa!

Se não existe um padrão, não se pode falar sem se contradizer, pois não tendo uma base de pensamento, torna-se incoerente. É por isso que, conforme falei no post anterior, precisamos nos livrar das armadilhas. Estamos muito ocupados para pensar, mas se não pensarmos estaremos livres demais para destruirmos o pensamento.

As filosofias modernas são incoerentes porque negam os padrões. Assim, oscilam de uma ponta à outra das possibilidades, sem que se defina com qualquer uma delas. O filósofo moderno condena o sheik árabe por desvirginar vinte mulheres, e em outro lugar ridiculariza as freiras por guardarem a virgindade. Ele escreve um livro criticando o governo por tratar as pessoas como animais selvagens e depois vai ao laboratório com outros cientistas para tentar provar que praticamente somos como os animais selvagens. "No seu livro sobre política ele ataca os homens por espezinharem a moralidade e no seu livro sobre ética ele ataca a moralidade por espezinhar os homens". Mal ele fala sobre o pessimismo do cristianismo por aceitar algumas fatalidades, censuram-no pelo otimismo de acreditar numa vida eterna. Reprovam a valentia das Cruzadas, ao mesmo tempo que riem da idéia da mansidão cristã de dar a outra face para baterem. Sem um padrão, o filósofo moderno, e todos os seus seguidores, tornam-se praticamente inúteis para qualquer propósito coerente de idéias, pois contradizem-se a cada instante. Ele rebela-se contra tudo, então "perde o direito de se rebelar contra qualquer coisa específica".

Um comentário:

Vírnia Ponte disse...

Chamo isso de 'o mal do relativismo', pois tudo é relativo, tudo depende da ocasião... as coisas não são mais fixas, a "felicidade é moldada aos meus interesses...", "só quero para mim doutrinas que não me custem..." é um pouco triste a superficialidade de nosso cotidiano.